Oferecer aos tímpanos um novo opus dos Deerhoof é sempre um acto revelador. Apesar de eles já contarem mais de uma década de existência, a sua música é tão plausivelmente viçosa que, mesmo sem mudar na essência a disposição dos ingredientes, nunca deixa de causar algum espanto. No fundo, o som deles é hermético nos seus próprios postulados e fórmulas e cria uma invulgar imunidade a influências externas. Por inerência, aquilo que, noutros casos, se converteria num perigoso imobilismo, no caso dos Deerhoof - porque o filão privado de conceitos é riquíssimo e nem chega a abrir espaço para o mero corta-cola - é sinal de inconformismo com o seu "eu" e, consequentemente, de reinvenção constante, sob o mesmo paradigma. Friend Opportunity não foge a essa tendência recorrente do seu percurso e, associando composições de aparente superficialidade pop, pelo menos tão pop quanto se pode ser no cosmos Deerhoof, a outros momentos de maior embevecimento experimentalista (com menos ruído) e desejo descontrutivo, comprova a exímia arte do (agora) trio em imprimir características diferentes à sua personalidade sónica, mesmo quando ela se mostra no mais imediato dos seus registos. Efeito colateral óbvio: Friend Opportunity pode tornar-se um caso sério de sedução.
domingo, 18 de fevereiro de 2007
Deerhoof - Friend Opportunity
Oferecer aos tímpanos um novo opus dos Deerhoof é sempre um acto revelador. Apesar de eles já contarem mais de uma década de existência, a sua música é tão plausivelmente viçosa que, mesmo sem mudar na essência a disposição dos ingredientes, nunca deixa de causar algum espanto. No fundo, o som deles é hermético nos seus próprios postulados e fórmulas e cria uma invulgar imunidade a influências externas. Por inerência, aquilo que, noutros casos, se converteria num perigoso imobilismo, no caso dos Deerhoof - porque o filão privado de conceitos é riquíssimo e nem chega a abrir espaço para o mero corta-cola - é sinal de inconformismo com o seu "eu" e, consequentemente, de reinvenção constante, sob o mesmo paradigma. Friend Opportunity não foge a essa tendência recorrente do seu percurso e, associando composições de aparente superficialidade pop, pelo menos tão pop quanto se pode ser no cosmos Deerhoof, a outros momentos de maior embevecimento experimentalista (com menos ruído) e desejo descontrutivo, comprova a exímia arte do (agora) trio em imprimir características diferentes à sua personalidade sónica, mesmo quando ela se mostra no mais imediato dos seus registos. Efeito colateral óbvio: Friend Opportunity pode tornar-se um caso sério de sedução.
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