Umas gotas de electrónica aguda e notas soltas de guitarra, em crescendo incerto, abrem o segundo registo do australiano M. Rosner. Não sendo novidade para quem tiver tomado contacto com Alluvial, tomo de debute editado há um par de anos, a fórmula repete-se no novo trabalho e, com ela, Rosner retoma a propensão para um certo experimentalismo minimalista, reunindo o binómio tons digitais-elementos acústicos, quase sempre numa curiosa alternância coloquial. A mistura de Morning Tones recorre a uma paleta de sons pouco convencionais, especialmente na porção digital dos trechos, e isso, aliado à utilização de uma pouco palpável matriz rítmica e à interacção insistente com o silêncio e o vácuo, pode tornar a audição do disco num desafio para ouvintes menos preparados para a experiência. A despeito dessa resistência inicial dos tímpanos, muito própria do contacto com produtos desta estirpe, descobre-se em Morning Tones um estímulo por detrás da muralha de sons processados que, mais do que apenas firmar o computador no estatuto de instrumento emancipado, mostra que ele também pode servir de unidade a retalhos sonoros com outras origens. E o tecido final é, enfim, uma vereda para a meditação.
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007
M. Rosner - Morning Tones
Umas gotas de electrónica aguda e notas soltas de guitarra, em crescendo incerto, abrem o segundo registo do australiano M. Rosner. Não sendo novidade para quem tiver tomado contacto com Alluvial, tomo de debute editado há um par de anos, a fórmula repete-se no novo trabalho e, com ela, Rosner retoma a propensão para um certo experimentalismo minimalista, reunindo o binómio tons digitais-elementos acústicos, quase sempre numa curiosa alternância coloquial. A mistura de Morning Tones recorre a uma paleta de sons pouco convencionais, especialmente na porção digital dos trechos, e isso, aliado à utilização de uma pouco palpável matriz rítmica e à interacção insistente com o silêncio e o vácuo, pode tornar a audição do disco num desafio para ouvintes menos preparados para a experiência. A despeito dessa resistência inicial dos tímpanos, muito própria do contacto com produtos desta estirpe, descobre-se em Morning Tones um estímulo por detrás da muralha de sons processados que, mais do que apenas firmar o computador no estatuto de instrumento emancipado, mostra que ele também pode servir de unidade a retalhos sonoros com outras origens. E o tecido final é, enfim, uma vereda para a meditação.
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