Anabela Duarte não gosta que se confundam estas canções com a estética cabaret. E, de facto, embora interpretadas num registo solto e sem rigorismos excessivos, há nestas peças algo mais do que a mera boémia que ressalta da primeira audição. Cada vez mais ligada à música lírica, a ex-vocalista dos Mler If Dada não disfarça o gozo que lhe dá emprestar a sua voz a uma máquina de sons e palavras de Kurt Weill e Boris Vian. Do primeiro, além dos preciosos acordes da maior parte das peças do alinhamento, Anabela Duarte capta a alma cénica e o balanço teatral das canções, coisa que vem dos trabalhos conjuntos do compositor alemão com Brecht. De Vian, anarquista surreal e desorganizado compulsivo, guarda-se em Machine Lyrique o imaginário irreverente, o antagonismo social orgulhoso e a dissolução de espírito. E nada melhor do que o tiple de Anabela Duarte, elástico, versátil (entre os timbres solene e trocista) e completamente descomprometido, para servir esta colecção de teatro musicado, a que o piano de Ian Mikirtoumov fornece as costuras e o fraseado melódico.
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007
Anabela Duarte - Machine Lyrique
Anabela Duarte não gosta que se confundam estas canções com a estética cabaret. E, de facto, embora interpretadas num registo solto e sem rigorismos excessivos, há nestas peças algo mais do que a mera boémia que ressalta da primeira audição. Cada vez mais ligada à música lírica, a ex-vocalista dos Mler If Dada não disfarça o gozo que lhe dá emprestar a sua voz a uma máquina de sons e palavras de Kurt Weill e Boris Vian. Do primeiro, além dos preciosos acordes da maior parte das peças do alinhamento, Anabela Duarte capta a alma cénica e o balanço teatral das canções, coisa que vem dos trabalhos conjuntos do compositor alemão com Brecht. De Vian, anarquista surreal e desorganizado compulsivo, guarda-se em Machine Lyrique o imaginário irreverente, o antagonismo social orgulhoso e a dissolução de espírito. E nada melhor do que o tiple de Anabela Duarte, elástico, versátil (entre os timbres solene e trocista) e completamente descomprometido, para servir esta colecção de teatro musicado, a que o piano de Ian Mikirtoumov fornece as costuras e o fraseado melódico.
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1 comentário:
zuvizavanovich :-)
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