O muito aguardado regresso de Francisco Silva, hoje por hoje reconhecidamente o melhor cantautor melancólico português, é exactamente aquilo que se esperava que fosse: um alinhamento de canções ordenadas em melodias gentis e que, com desassombro, se assumem confessionais. É esse o credo fundamental do ente Old Jerusalem, enfim existir como plácido sedimento das inclinações emocionais e das derivações irresolutas da mente observante de Francisco. Nesse sentido, The Temple Bell é o cúmplice musicado das contemplações de uma alma cheia de poética, consciente da sua fraqueza e vulnerabilidade e que, esgueirando-se ao mais prosaico jeito de contar (as suas?) histórias, toca o auditor naquilo em que lhe é igual, sem empolamentos: a tangibilidade. E só assim fazem sentido as belíssimas harmonias de Old Jerusalem, tão humildes e pessoais que parecem nossas, tão tímidas a manifestar-se e simultaneamente tão genuínas como uma súplica, sem destinatário concreto, qual oração em busca da mão incerta do divino. Tamanha devoção, com o embalo das cordas e da voz de Old Jerusalem, no jeitinho arenoso da folk íntima da América, transforma-se, afinal, na mais primorosa das serenatas à melancolia.
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
Old Jerusalem - The Temple Bell
O muito aguardado regresso de Francisco Silva, hoje por hoje reconhecidamente o melhor cantautor melancólico português, é exactamente aquilo que se esperava que fosse: um alinhamento de canções ordenadas em melodias gentis e que, com desassombro, se assumem confessionais. É esse o credo fundamental do ente Old Jerusalem, enfim existir como plácido sedimento das inclinações emocionais e das derivações irresolutas da mente observante de Francisco. Nesse sentido, The Temple Bell é o cúmplice musicado das contemplações de uma alma cheia de poética, consciente da sua fraqueza e vulnerabilidade e que, esgueirando-se ao mais prosaico jeito de contar (as suas?) histórias, toca o auditor naquilo em que lhe é igual, sem empolamentos: a tangibilidade. E só assim fazem sentido as belíssimas harmonias de Old Jerusalem, tão humildes e pessoais que parecem nossas, tão tímidas a manifestar-se e simultaneamente tão genuínas como uma súplica, sem destinatário concreto, qual oração em busca da mão incerta do divino. Tamanha devoção, com o embalo das cordas e da voz de Old Jerusalem, no jeitinho arenoso da folk íntima da América, transforma-se, afinal, na mais primorosa das serenatas à melancolia.
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1 comentário:
Estou apaixonado por este disco.
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