quarta-feira, 11 de outubro de 2006

The Thermals - The Body The Blood The Machine

Apreciação final: 7/10
Edição: Sub Pop, Agosto 2006
Género: Indie Rock
Sítio Oficial: www.thethermals.com








Embora tentem descolar do tosco rótulo punk a que, de resto, a arquitectura harmónica e a urgência das suas canções os atou com propriedade, os norte-americanos The Thermals avançam, ao terceiro fascículo de um percurso de quatro anos, um enunciado de maturação. A despeito de algumas convulsões internas que culminaram na deserção do baterista (e membro-fundador) Jordan Hudson, facto que deixou Kathy Foster e Hutch Harris orfãos no desdobramento da missão instrumental das gravações de The Body The Blood The Machine, os dotes punk-por-um-triz dos The Thermals foram conservados. Mais do que isso, sem abdicar da ingenuidade estrutural que tão bem se consagra nestas canções, o novo trabalho reproduz uma escrita mais fluente e composições melodicamente mais simpáticas. Dito assim, o obséquio musical de The Body The Blood The Machine brinda-nos com passagens tão expeditas a grudar no tímpano que parecem fabricadas para os auditórios largos do mainstream. Não se entenda semelhante constatação como uma perversão criativa ou qualquer cedência mercantil dos The Thermals. Nada de mais errado. A dezena de composições do álbum não tem sofisma: os argumentos técnicos são os mesmos de sempre e, uma vez diminuída a porção de impurezas, foi depurado o processo melódico, sem cedências a clichés.

Os textos de The Body The Blood The Machine, ainda que errantes, politizam o exorcismo de uma América dominada pela tensão militarista e pelo paradoxo dos expedientes bélicos. Hutch Harry é um entre muitos. Políticas à parte, o pecadilho técnico do disco é o resvalo formulista que enrola as composições num invólucro comum e do qual, em última análise, se livram "An Ear For Baby", "Test Pattern" e "St. Rosa and the Swallows", objectos superlativos (numa lógica poppy) de um rol de trechos suficientes. Contestatário e impetuoso, The Body The Blood The Machine é um manifesto próprio de uma banda de garagem ciente dos palatos punk e do feitio que melhor convém ao seu acatamento. Só falta um bocadinho de química própria.

Sem comentários: