Apreciação final: 7/10
Edição: Cooking Vinyl, Abril 2006
Género: Metal Alternativo/Industrial/Doom
Sítio Oficial: www.killingjoke.com
Edição: Cooking Vinyl, Abril 2006
Género: Metal Alternativo/Industrial/Doom
Sítio Oficial: www.killingjoke.com
Eles já andam neste ofício vai para trinta anos e, se bem que não tenha sobressaído manifestamente o sub-género do rock mais pesado que subscrevem, a verdade é que conquistaram, de pleno direito, um estatuto particular no seio do cosmos metálico, mormente pela influência que trouxeram à vaga pós-punk do final da década de 70, deixando pistas que seriam seguidas pela geração X (bandas grunge como os Nirvana, os Screaming Tress, os Soundgarden e os Mudhoney usaram algumas das praxes dos Killing Joke) ou por outras derivações do hard rock mais industrial (os Melvins ou os Ministry, por exemplo). Com um começo de carreira apadrinhado por John Peel e pautado por composições urgentes e mais próximas dos padrões do punk, de cadências galopantes (algo que ainda se sente nos tomos mais recentes), sistemas harmónicos primitivos e distorção a rodos, estes intrépidos britânicos foram crescendo para um registo com maiores obrigações técnicas e um compromisso artístico superior, por vezes assemelhado a um parente da escola progressiva, mas sem exacerbar divagações melódicas, antes buscando um transe feito de equações industriais e andamentos quase tribais. O cérebro é vital no metal dos Killing Joke, nada soa a despropósito, a dinâmica das guitarras é modelar e magnetizante (não chega a ser dançável?), a voz estentórea mantém-se, a percussão é nobre e a disposição das peças ajusta-se bem ao património do grupo. De facto, depois dos esboços menos bem esgalhados do álbum anterior (Killing Joke (2003)), onde o som parecia fazer concessões às proposições mais recentes do metal alternativo, Hosannas From the Basements of Hell é um inteligente retorno àquilo que os Killing Joke melhor fazem e que os distingue dos demais: rock negro e industrial com precisão mecânica e a induzir estímulos sensoriais que, além de agitar tímpanos, nos exportam para cenários apocalípticos gigantes, ecossistemas surreais de criaturas desfiguradas. Majestosas metáforas de uma existência com fúria no carburador.
O press release do álbum faz menção especial a um facto com relevo histórico. Matt Lusardi, o mesmo engenheiro de som das primeiras gravações dos Killing Joke, é o homem da produção no novo álbum. Mais do que prosseguir (e perseguir) a glória do passado, Hosannas From the Basements of Hell, não sendo um trabalho de rupturas inovadoras, é a prova de que os Killing Joke continuam a ser artífices capazes de acrescentar substâncias válidas à sua dotação e, com isso, consertar a aura do metal dos desarranjos do tempo e dar-lhe aquele extra que só está ao alcance dos decanos da classe.
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