Apreciação final: 5/10
Edição: Morr Music, Abril 2006
Género: Electrónica Alternativa/Pop Alternativa
Sítio Oficial: www.msjohnsoda.de
Edição: Morr Music, Abril 2006
Género: Electrónica Alternativa/Pop Alternativa
Sítio Oficial: www.msjohnsoda.de
Micha Acher é um baixista em voga na Alemanha. Além de fazer parte de um dos expoentes do pós-rock minimalista europeu, os consagrados Notwist, ainda integra o projecto Tied and Tickled Trio, ensemble com uma reforçada feição experimental e vanguardista. Em ambos os casos, mormente nos Notwist (onde Micha divide o protagonismo criativo com o irmão, Markus), a crítica tem reconhecido paulatinamente um punhado de edições valiosas que somaram valores aos dotes da indie de cariz electrónico da Europa Ocidental, culminando numa inesperada reunião com alguns músicos da label americana Anticon, entre outros o versátil Doseone (cLOUDDEAD) e no competente álbum 13 & God (2005), título que baptizaria também o projecto musical conjunto. Ainda sem esse peso mediático, o side-project Ms. John Soda, que Micha Acher partilha com a teclista Stephanie Böhm (dos também berlinenses Couch, com disco novo já lançado em 2006) vai ainda no segundo longa duração. Como decorre do background dos músicos, o item principal da ementa é electro, num registo sonoro de inequívocas alusões à escola berlinense, colocada aqui em obséquio a canções pop. Porque é de pop que se trata, não a pop de chiclete na boca e mão no bolso, mas a pop organicamente rica, sem dislates, orgulhosa da sua condição cosmopolita e dos favores da era digital e da programação. O laptop é o melhor amigo do músico berlinense, disso não sobram dúvidas. A forçosa sobreposição de camadas sonoras, como convém ao bom estilo alemão, também se nota aqui, ainda que nem sempre se discirna o proveito de algumas substâncias para o produto final. Mesmo que a intercalação de tais superfluidades com instantes bem executados seja uma adulteração da soma final, as melodias guardam uma réstia de sedução e são tão poppy quanto podem ser sem soar lamechas.
Se tecnicamente Notes and the Like perfilha dos princípios básicos que se vaticinariam nestes intérpretes antes de escutar o disco, o mesmo não pode ser dito do arrojo. Além dos desajustes já mencionados, os arranjos de cordas que adornam alguns trechos, mais não fazem do que traçar linhas previsíveis, manifestamente em serviço mínimo, muito aquém do uso próprio que conviria à melancolia que supostamente insinuam; as incertezas vocais de Stephanie Böhm, se povoam bem os lugares ritmados do disco, sublinhando um toque de sensualidade, deslustram um pouco quando se abeiram do monótono registo falado. As texturas electro são o deus ex machina do álbum, fazendo crer que Notes and the Like (com a excepção de "Hands" e, quiçá, de "Scan the Ways" ou "Line by Line") teria tudo a ganhar em deixar cair a voz e resumir-se ao que estes autores fazem melhor. Contudo, mesmo disciplinando os órgãos auditivos para fazerem de conta que a voz de Böhm não está lá, não se avistam muitas porções de som que valha a pena escutar senão por cortesia.
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