Apreciação final: 8/10
Edição: Polydor, Julho 2006
Género: Pop Erudita/Indie Pop
Sítio Oficial: www.guillemots.com
Edição: Polydor, Julho 2006
Género: Pop Erudita/Indie Pop
Sítio Oficial: www.guillemots.com
A pop britânica está ao rubro. Goste-se ou não das suas diversas cambiantes, desde os massificados Coldplay e Keane, à vizinhança rock dos Franz Ferdinand e Arctic Monkeys, a verdade é que o género experimenta uma projecção mediática assinalável no Reino Unido e além-fronteiras. É neste frenesi que surgem os Guillemots (lê-se Gui-Li-Móts), quarteto sediado na inspiradora Londres mas com elementos de quatro países diferentes (um percussionista canadiano, Greig Stewart (aka Rican Caol), uma contrabaixista escocesa, Aristazabal Hawkes, um guitarrista brasileiro, MC Lorde Magrão, e um pianista clássico inglês, o vocalista Fyfe Dangerfield), com uma proposta vincadamente distinta da corrente dominante, a inventar uma pop com caprichos de experimentação, sem transbordar para o dislate, e com um diâmetro instrumental vago e amplo. Se a nível vocal o disco não firma tão declaradamente a diferença para os conterrâneos, a porção instrumental não consente objecções: estamos perante uma pop maior, de arranjos menos convencionais e ângulos expansivos, de medidas maiúsculas e imprevistas, de mutações que não estancam e que atravessam o tempo sem decreto. Como se se harmonizassem a bela modéstia do trovador Nick Drake e o lustre dos Radiohead, as subversões de David Sylvian e o sobressalto electro dos primórdios dos Soft Cell, o espectro dos Talk Talk e os adornos dos Divine Comedy, a intuição de Rufus Wainwright e a elegância de Elvis Costello, a espessura de Wagner e a exaltação dos Sparks, o pragmatismo de Brahms e o R&B dos 60's, o enigma cerebral dos Residents e o culto ecléctico de Dvorak, os alicerces de Sakamoto e os sabores brasileiros.
A fartura de substâncias de Through the Windowpane é abissal; cada trecho do álbum enche-se de estímulos simultâneos, em alvoroço sensorial único, cada qual com o seu tom e ambiente justo, a dose certa de experimentalismo e devaneio e, acima de tudo, a transcendência de evitar lugares comuns. E não há vulgaridade nos hinos deste disco, as peças são mais do que canções, aventuram-se num infinito sem falhas e denunciam cores novas. E neste dédalo de influências e intenções, espanta a destreza dos Guillemots em não malbaratarem ideias e manterem um equilíbrio raro. Não há desperdícios nem saturações em Through the Windowpane, seguramente um dos melhores discos de estreia dos últimos tempos e obra a figurar nos catálogos best of de 2006. Grandioso e idealista, o disco é uma crível sinfonia pop, uma glosa musicada sobre a inevitável temática do amor que não se rebaixa à lamechice e é ministrada com a excelência e alcance instrumental de que a pop escassamente tira partido.
1 comentário:
Concordo! Excelente album!
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