Apreciação final: 8/10
Edição: Warner, Abril 2006
Género: Indie Rock
Sítio Oficial: www.builttospill.com
Edição: Warner, Abril 2006
Género: Indie Rock
Sítio Oficial: www.builttospill.com
Há cinco anos que Doug Martsch e companhia não davam notícias. Os Built to Spill chegam ao sétimo registo de um percurso com muito bom gosto como um dos mais consistentes projectos da indie guitarreira americana. Há qualquer coisa do legado mítico de Neil Young nestas canções, ainda que a coisa se molde menos óbvia quando se espreitam as peripécias técnicas de guitarra que alimentam as manobras emocionais de You in Reverse. Aí, onde a guitarra se veste de sujeito determinante, sentem-se brisas da época dourada dos Pavement ou dos Pixies, sobem os volts e levam com eles a vibração do disco. A melodia não é descurada, antes se completa na efervescência escura das guitarras e no revérbero que enche o som dos Built to Spill, em torno de baladas rock, pequenos poemas sombrios cunhados com distorções mais ou menos tímidas. Raros são os álbuns que nos brindam com tamanha versatilidade no serviço da guitarra, expondo-lhe os diversos ângulos, a disposição flutuante, os solos em espiral, o magnetismo das expansões súbitas, como se as sessões de gravação mais não fossem do que uma trivial jam session. Em You in Reverse volta a ser notória, depois do fracassado Ancient Melodies of the Future (2001), essa paixão do quarteto do Idaho pelo virtuosismo técnico, especialmente na química inventiva que Martsch investe nas seis cordas da guitarra. A voz chega a parecer um simples acessório, não por estar a mais ou por soar inconsequente, mas porque a guitarra puxa para si os focos e agarra os tímpanos, (re)construindo a estrutura das canções, dando-lhes cor, vida e imprevisibilidade. Talvez por isso os trechos de You in Reverse quase pareçam infinitos, por pousarem nos ecos da ressonância da guitarra, a mais útil ponte para dimensões sem limites, mundos que perduram depois do fim do disco. O rock carnal à mercê do sonho.
Da competência de Martsch com a guitarra já tudo foi escrito e dito. You in Reverse é, nesse capítulo, exemplar. Ainda que num ou noutro momento se detecte um desalinho na exploração livre da guitarra, em detrimento da fixação mais firme de certas melodias, o álbum é um manifesto de maturidade, não tão triunfal como se supõe nas primeiras audições mas, mesmo sem trazer matérias novas ao catálogo dos Built to Spill, é suficientemente refinador e cuidado para reclamar a cortesia do universo indie à guitarra. Não foi à toa que neste artigo se usou a palavra guitarra mais de uma dezena de vezes. Afinal o que seria do rock (e dos Built to Spill) sem ela?
Sem comentários:
Enviar um comentário