Apreciação final: 7/10
Edição: Universal Motown, Setembro 2006
Género: Indie Rock/Dance-Punk
Sítio Oficial: www.therapturemusic.com
Edição: Universal Motown, Setembro 2006
Género: Indie Rock/Dance-Punk
Sítio Oficial: www.therapturemusic.com
Esta coisa de fundir, com proveitos, o pós-punk e saracoteios próprios de uma pista de dança não é missão para qualquer um. Assunto sondado regularmente por alguns dos vectores menos contestados da cena underground norte-americana (LCD Soundsystem, !!!, Radio 4, Hot Chip), trata-se de um ramal da família rock que mereceu o consentimento e a aprovação de públicos mais amplos, conquistando gradualmente a extensão mediática proporcional. Echoes (2003), segundo trabalho dos The Rapture, foi esteio fundamental dessa reafirmação das sonoridades mais dançáveis do indie - o património dos Gang of Four como pedra de toque - atestando a vitalidade de um género enfermo de languidez. Neste contexto, os The Rapture somaram pergaminhos e juntaram-se à galeria de notáveis do motim, mormente depois do reconhecimento da crítica à generosidade de Echoes. Directo ao assunto: o sucessor, Pieces of People We Love, está aí e retém a veemência do antecessor (com defeitos e virtudes símeis), talvez suavizando a pressão punk da fórmula, mas guardando a doutrina e os compassos dançáveis, ainda que não haja no alinhamento nenhum êxito imediato como "I Need Your Love". As guitarras encontram outro recato, em soberbo convívio com o saxofone, par de suporte de estruturas mais funk e pautadas por convergências de boa casta entre percussões reais e sintéticas, sublinhados mais do que úteis para o groove inegável de "Get Myself Into It" (uma aposta como vão aparecer por aí um punhado de remixes enquanto o diabo esfrega um olho?).
Sem a produção da parelha The DFA, para muitos uma das substâncias essenciais de Echoes, o som dos The Rapture não perdeu exuberância. Convidados para governar a engenharia de som de Pieces of People We Love dois ilustres: Paul Epworth, produtor de Silent Alarm (disco de estreia dos britânicos Bloc Party), e Ewan Pearson, mestre inglês do remix. Além destes, o nova-iorquino Brian Burton (aka Danger Mouse) dá uma mãozinha em duas faixas. Com semelhante amparo, a música dos The Rapture é contaminada de urgência disco, quase sempre em timbres eufóricos e vozes menos agudas, ângulos mais polidos. A ignição nem sempre funciona mas há em Pieces of People We Love picante suficiente para estimular apetites de dança. E, ao mesmo tempo, trazer à memória a ideia de que o dance-punk está aí para as curvas.
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