Apreciação final: 7/10
Edição: Control Group/TCG, Março 2006
Género: Indie Rock/Lo-Fi
Sítio Oficial: www.figurines.dk
Edição: Control Group/TCG, Março 2006
Género: Indie Rock/Lo-Fi
Sítio Oficial: www.figurines.dk
Dinamarquês de origem, o quarteto Figurines foi mencionado em alguns artigos de opinião como o equivalente nórdico do trio norte-americano Modest Mouse. Se as parecenças são claras de mais para seguirem sem ser notadas, há no som destes escandinavos algo mais do que mera mímica. A voz nervosa e nasalada de Christian Hjelm empoleira-se em canções vigorosas, com traços de produção lo-fi e encadeamentos de guitarra, algo que já tinha sido tentado no muito razoável registo de estreia, Shake a Mountain (2003). Aí, as valências desta trupe escandinava apontavam a um tom pop de bons princípios (uns pozinhos Sonic Youth...) e refrões amistosos mas algo difuso. Tal vício é menos evidente em Skeleton, as canções são objectivas e condensam com jeito as regras prolixas do debute. Com isso, a vocação contagiante dos trechos sai reforçada, sem redundar e, mais do que isso, sem descambar para a comodidade da linguagem mainstream. Popular, não tem que ser popularucho. O parâmetro base é, portanto, a busca de melodias e hooks aliciantes, como é da praxe de qualquer banda indie-rock que se preze. Nesse particular, Skeleton desvia-se da superficialidade, surpreende mais do que era previsto, é harmonicamente convincente e recreativo. Mesmo assinando um discurso de inferior originalidade, os Figurines imprimem animação às canções, exectuando lances de esplêndido recorte e postura arrebitada.
Skeleton é sinónimo de um disco indie-rock by the book. Não sendo um registo formulista - a multiplicação de conceitos não o permite - são acatados cânones forçosos neste género: riffs de guitarra melodiosos, estruturas precisas, protagonismo vocal, amplitude teatral, tempos volúveis e refrões autocolantes no ouvido. Sinais de um colectivo com espírito agudo e faculdades suficientes para atrair sobre si o aplauso da comunidade melómana, se não pela singularidade do som, ao menos pela incontestável capacidade para fazer de cada trecho musical uma circunstância próspera. O príncipe Hamlet face às revelações do tétrico fantasma do defunto pai, num texto shakespeariano, proferiu a célebre citação: "Há algo de podre no Reino da Dinamarca". Com o advento dos Figurines, talvez as coisas fiquem um pedacinho melhores para o indie-rock na terra natal e, por justa extensão, à escala do globo terrestre.
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