domingo, 9 de julho de 2006

Cult of Luna - Somewhere Along the Highway

Apreciação final: 8/10
Edição: Earache Records, Junho 2006
Género: Metal Alternativo/Gótico/Pós-Rock
Sítio Oficial: www.cultofluna.com








Oriundos de um dos mais fecundos feudos do metal europeu, os suecos Cult of Luna são exploradores. A vasculhar as entranhas das sonoridades de feição gótica há cerca de oito anos, o pico do percurso destes nórdicos foi atingido com o áspero Salvation, editado há um par de anos. Experimental e progressivo, o disco ajudou a anichar os nórdicos na mesma família musical dos americanos Neurosis ou Isis, puxando-os para a dianteira do movimento doom. É nessa onda de afirmação que surge o quarto longa-duração, um álbum que, perseguindo o espectro costumeiro do colectivo sueco, apresenta credenciais de uma identidade reformada. Não é que o ensemble liderado por Klas Rydberg tenha relegado os vectores básicos da sua sonoridade, ao invés as descargas de intenso vigor manifestam agora uma aproximação aos entrechos harmónicos do pós-rock. As melodias seguem gradações não muito rígidas, apurando o recorte instrumental e o estímulo sensorial das peças, mais celestiais e menos matemáticas do que no antecessor. Somewhere Along the Highway é, em consequência, cicerone de paisagens sonoras menos fulminantes mas de contornos soturnos e que, se não agitam com a electricidade de Salvation, induzem hipnoses artificiais que fazem render-se o mais empedernido dos ouvintes à sensibilidade corrosiva das composições. Mais do que um ácido tardo, a última viagem dos Cult of Luna é pendular, feita de emoções sujas que derivam indefinidas num além escuro e sopram apaixonadas interrogações em surdina.

Somewhere Along the Highway é um registo pós-apocalíptico de força e coração que confirma a evolução dos Cult of Luna, justapondo quimeras meditativas e obscuras camadas do mais refinado metal. Mais do que isso, o último trabalho do septeto escandinavo é a sublimação do seu monstro sónico, demarcando-se decisivamente da esfera de influências e dispondo a plenitude da expressão dos Cult of Luna. Densidade nos detalhes, arritmias no pulso, técnica instrumental e sensações envolventes são predicados ímpares do metal atmosférico de Somewhere Along the Highway, o tomo de viragem dos suecos rumo ao vago éden do dia depois de amanhã. Nesse jardim proibido, a fúria retém-se, a noite rouba a luz ao dia e a desesperança do isolamento converte-se num abismo sónico. Como numa plácida e inquietante escultura de sons.

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