terça-feira, 25 de julho de 2006

Camera Obscura - Let's Get Out of This Country

Apreciação final: 7/10
Edição: Merge, Junho 2006
Género: Indie Pop
Sítio Oficial: www.camera-obscura.net








Se até aqui os Camera Obscura eram mais reconhecidos entre portas do que no exterior da Escócia, Let's Get Out of This Country é disco para lhes dar o impulso certeiro além-fronteiras. Oriundo da mesma Glasgow que viu nascer os celebérrimos padrinhos Belle & Sebastian, de quem perfilha as praxes musicais, o sexteto sublimou as formas das suas peças, tirou-lhes o desconchavo lamecha de outros momentos e, sem se privar de escrever canções consagradoras dos amores (e desamores) da existência humana, apresenta-nos um registo abarrotado de sentimento. Nesse propósito, além da componente instrumental mais próxima da melancolia country, superiormente expandida pela produção de Jari Haapalainen (o homem dos Concretes faz acento tónico nos arranjos e nos acrescentos de cordas), a voz de Tracyanne Campbell (agora o único serviço vocal do ensemble, desde a partida de John Henderson) faz maravilhas, melíflua, afectuosa e angelical como poucas, a avivar o sentido harmónico do disco. As melodias são, de resto, a trave-mestra do álbum, sempre joviais, e sem pejo de pedir emprestada a verbosidade da pop-soul 70's dos The Mamas and the Papas ou das The Supremes, de lhe somar as fábulas romanescas dos Belle & Sebastian e o cunho pessoal de Campbell, mais desembaraçada e interessada em assinar a definitiva obra de emancipação do grupo.

Como intróito ao tomo, e a servir de primeiro single, a canção "Lloyd, I'm Ready to Be Heartbroken" mostra ao que vêm os Camera Obscura. Para os mais esquecidos, uma sinopse histórica prévia. Em 1984, Lloyd Cole fechava o álbum Rattlesnakes com uma exortação, em jeito de pergunta: "Are you ready to be heartbroken?". Vinte e dois anos depois, Campbell ousa a réplica a Cole e, com isso, sintetiza brilhantemente o fundo emocional de Let's Get Out of This Country. Canções com confissões de coração partido. Feitas com cautela pristina e devoção à sensibilidade, coisas capazes de nos virarem para trás e lembrar lugares e pessoas, puxando à memória as referências mentais de histórias guardadas nos arquivos da vida. E assim perceber, pelas dezena de trechos de Let's Get Out of This Country, que mais relevante do que recolher os cacos do coração quebrado à conta de apetites sentimentais passados, é deixarmo-nos apaixonar pelas confissões solipsistas de Campbell. E pela bela música dos Camera Obscura.

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