sábado, 15 de julho de 2006

Asobi Seksu - Citrus

Apreciação final: 7/10
Edição: Friendly Fire, Maio 2006
Género: Shoegaze/Pop-Rock Alternativo
Sítio Oficial: www.asobiseksu.com








Os ventos nova-iorquinos não deixaram morrer o shoegaze. Toneladas de efeitos na guitarra, a voz afundada em texturas musicais de volume bem alto e carradas de feedback, reverb e outras adulterações de estúdio, assim se faz o género, assim o começaram a desenhar os irlandeses My Blood Valentine, referência incontornável da família, mormente na segunda metade da década de 80. Com eles, o noise tornou-se filho adoptivo de uma pop pouco formatada e exuberante, de várias dimensões e atmosferas. Os Asobi Seksu (ao que parece o título é japonês para sexo entretido...), no segundo longa-duração, resgatam o imaginário do shoegaze, como se ele ainda fosse moda. E com boas canções, que importa se estas ideias estão em desuso? Yuki Chikudate é a nipónica que lidera o quarteto nova-iorquino e é senhora de uma carismática voz de medidas tonais largas, ora em inglês ora em japonês; James Hanna é o homem do leme instrumental, o sublime encantador de serpentes, o fazedor de harmonias e muros de som lavrados por guitarras em hipérbole, densas, vibrantes e astrais; o baixo de Haji é metrónomo e a percussão de Mitch Spivak ajuda ao remoinho sónico do álbum. Como na capa de Citrus, também a música dos Asobi Seksu enreda Yuki num turbilhão melódico, a voz distante presa numa teia de rebuliços eléctricos, de ênfase instrumental e muita substância.

Resumir o modus operandi dos Asobi Seksu às parábolas do shoegaze não lhes faz justiça. As alusões a outras bandas (os My Bloody Valentine e Lush no topo) vagueam por Citrus é certo, mas nada soa datado ou plagiado, graças ao recurso inteligente a uma paleta de truques genuínos, à dinâmica alternante das composições e a um pragmatismo sofisticado na hora de polir o som. Citrus é pop-rock anti-gravidade e para sonhar. Não fosse um ou outro lance menos inspirado e o novo dos Asobi Seksu tomaria um lugar no panteão do shoegaze. Ainda assim, trechos magníficos como "New Years", "Thursday", "Strings" e "Red Sea" confirmam que esse movimento merece uma segunda vaga. E que os Asobi Seksu vão na crista da onda.

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