Ao escrever sobre o projecto The Field, alcunha artística do produtor sueco Axel Willner, impõe-se um exercício de incontornável reverência por uma obra que vem progressivamente erguendo uma linguagem electrónica de suprema elegância e consistência, num ciclo que conta já meia dúzia de anos e completa agora um quarteto de compactos. Nesse percurso, muito foi escrito sobre a densidade da sua música, o sentido monolítico de uma estética que, apesar de fechada a concessões, não deixa de ser muito consequente e o carácter magnetizante dos seus trechos. É, de resto, na dualidade entre o domínio das técnicas próprias dos universos IDM mais esfíngicos e a sensibilidade para introduzir invulgaridades "melódicas" nas redundâncias rítmicas que reside a mais-valia que fez de Willner um dos mais bem sucedidos artesãos electrónicos da sua geração.
Nesse particular, Cupid's Head define posições: é simultaneamente o menos melódico (a fazer lembrar outros laboratórios de Willner como Black Fog ou Loops of Your Heart) e o mais tenso dos registos The Field. A coincidência desses factos, a ausência de colaborações instrumentais (que estiveram presentes antes) e a deriva por ambientes negros (a troca do branco pelo preto no artwork não é inocente...) que pauta o álbum fazem dele uma descoberta menos consensual do que outros trabalhos de Willner, a despeito da excelência de algumas composições ("They Won't See Me" ou "No. No...", à cabeça). A escrupulosa feitiçaria de Willner está mais obscura e impenetrável, mas continua apelativa. Sem dúvida, vai longe o tempo em que este homem imaginou uma cover dos The Korgis.
Nesse particular, Cupid's Head define posições: é simultaneamente o menos melódico (a fazer lembrar outros laboratórios de Willner como Black Fog ou Loops of Your Heart) e o mais tenso dos registos The Field. A coincidência desses factos, a ausência de colaborações instrumentais (que estiveram presentes antes) e a deriva por ambientes negros (a troca do branco pelo preto no artwork não é inocente...) que pauta o álbum fazem dele uma descoberta menos consensual do que outros trabalhos de Willner, a despeito da excelência de algumas composições ("They Won't See Me" ou "No. No...", à cabeça). A escrupulosa feitiçaria de Willner está mais obscura e impenetrável, mas continua apelativa. Sem dúvida, vai longe o tempo em que este homem imaginou uma cover dos The Korgis.
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