Para um homem com a raríssima (e desgastante) prolificidade de Ty Segall, há-de haver momentos em que, ao invés de empilhar gravações nos inúmeros projectos e divagar pelo mundo - literalmente, com as extensas digressões europeia e americana de 2012 -, é o mundo que choca com ele, com a veemência circunstancial daqueles factos que alertam para a condição efémera da humanidade. O desaparecimento do pai adoptivo e a ruptura da relação com a mãe coincidiram no tempo e motivaram a confessada necessidade de purga mental que fez nascer este Sleeper. Nesse sentido, e para melhor servir o propósito de depuração emocional, Ty Segall entendeu confinar a sua linguagem musical à contenção de um formato essencialmente acústico, algo que circunscreve a natureza poluída do seu cancioneiro garage rock à medula, dispensando distorções e outros psicadelismos (mesmo vocais). E, pese embora essa redução intimista, as composições conservam o inconfundível cunho Segall, mesmo sem o músculo, o nervo ou a urgência de outros instantes.
Sleeper é um disco que convoca a redenção do descanso, do retiro, como se Ty Segall precisasse de um refúgio da sua própria extravagância rock para encontrar a catarse dos conflitos emocionais interiores. Nesse sentido, é também um álbum cujos tons de rendição (e de comoção) servem de plataforma regeneradora. Como um belo sonho acústico que põe Segall olhos nos olhos com o desassossego. E de que ele há-de acordar tão eléctrico como antes.
Sleeper é um disco que convoca a redenção do descanso, do retiro, como se Ty Segall precisasse de um refúgio da sua própria extravagância rock para encontrar a catarse dos conflitos emocionais interiores. Nesse sentido, é também um álbum cujos tons de rendição (e de comoção) servem de plataforma regeneradora. Como um belo sonho acústico que põe Segall olhos nos olhos com o desassossego. E de que ele há-de acordar tão eléctrico como antes.
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