sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Foxygen - We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic


8,6/10
Jagjaguwar, 2013

Albergar o trabalho musical do último ano e pico sob o epíteto de embaixadores da paz e da magia para o século XXI é coisa para merecer interpretações várias. Puxar a si um protagonismo tão pomposo tem algo de absurdo porque, ao mesmo tempo, redobra expectativas sobre o disco  - o terceiro de um percurso até aqui praticamente despercebido - e, mais do que isso, anuncia um exercício de regeneração que reporta à saudosa era do make love not war. Não é pouco, de facto. Os co-signatários da proposta dão pelos nomes de Sam France e Jonathan Rado, dois descomplexados californianos que já se conheciam de petizes e que se uniram nesta causa de repescar sons de outros tempos. Estamos a falar do refinamento de uma fórmula que vem trabalhando em cima do fulgor alucinado do rock psicadélico dos 70's, se quisermos das derivações barrocas da pop de então, mas que não havia ainda conseguido espicaçar os círculos de opinião e os melómanos. We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic promete tornar-se o pilar decisivo para mudar o percurso do par americano e seus companheiros de estrada. A partir daqui, nada será igual. E é justo que assim seja, ou não estivéssemos em presença de um disco que consegue fito raro: ser uma manifestação genuinamente vintage e, em simultâneo, soar fresco e actual.

É claro que o referencial estético tem feição de erro cronológico, mas as canções são tão deliciosamente inspiradas que se assemelham a uma colecção de clássicos. Da escrita de Rado e France já se conheciam valências inatacáveis que alguns descuidos (ou desproporções) na produção - assumida pelos próprios Foxygen - deprimiram repetidamente noutras gravações. Desta vez, honras a Richard Swift, outro californiano de renome, que assumiu as rédeas da produção e emprestou rumos pertinentes ao som destes neo-hippies; a engenharia de sons é magnífica e arruma as inúmeras texturas com sentido de detalhe, elegância e proporção, bem longe dos desvarios dos discos anteriores. Retro servido assim, com canções que podiam ter sido resgatadas dos baús da excelência clássica, é do mais moderno a que se pode almejar. Oxímoro trendy, é o que é, e são muito bem-vindos, senhores embaixadores!

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