segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Anna Calvi - One Breath


7,6/10
Domino Records, 2013

Quando se tem um debute discográfico com a amplitude mediática que Anna Calvi conseguiu há dois anos, então merecendo consagração generalizada (e justa) como uma das melhores vozes emergentes da cena musical britânica, não há como evitar a elevação de expectativas para o sempre difícil exercício de urdir um segundo disco à altura da estreia. Essa barreira psicológica onde encalham muitos projectos musicais é também, por norma, elemento separador de águas e revelador de aptidões para futuro. No caso de Calvi, este One Breath mostra-nos ambientes sonoros familiares, conservando grande parte das premissas do antecessor, sobretudo na elegância de uma visão pop sem concessões facilitistas e construída essencialmente à volta de dois argumentos muito valiosos: a voz e a guitarra.

Não obstante a inevitável continuidade desse par no núcleo orgânico das composições - afinal, são matéria quintessencial a Calvi -, da audição do novo trabalho ressalta uma acrescida ambição nas composições e nos arranjos, seja pela adição de outros conteúdos instrumentais, seja pela incursão óbvia em planos de escrita mais extravagantes. E se a aposta resulta em grande parte do disco, dando uma imagem inventiva de Calvi que é óptimo enquadramento para emprestar outra dinâmica ao seu cancioneiro, não é menos verdade que o excesso de ambição acaba por pontualmente tocar extremos desalinhados do seu ideário estético (a fazerem lembrar as agudizações da americana St. Vincent) e a pedirem uma escrita mais solícita.

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