Não obstante já andar nestas lides há cerca de seis anos, apenas há dois Daniel Loupatin (o homem atrás do alter ego Oneohtrix Point Never) despontou manifestamente para a primeira linha da música experimental, sobretudo graças à rendição mais ou menos generalizada de crítica e público ao muito discutido Replica, o seu quarto longa-duração. Migrando da Massachussets natal para uma Brooklyn que é cada vez mais um esdrúxulo centro de criatividades musicais sem paralelo nos EUA, aí encontrou o contexto adequado para uma fórmula musical que conjuga, como poucas, o pendor ambiental, a profundidade da electrónica "clássica" (leia-se krautrock) e uma disposição formal verdadeiramente melancólica, servida em redundâncias e acalmia rítmica. De resto, este preceituado foi maturando em cada incursão ao estúdio de gravação, a ponto de subliminarmente ir acolhendo aportes vários e de consolidar, no topo dessa cadeia de experiências, uma relação de afinidade com o ruído que seria matéria decisiva no sucesso de Replica. Esse êxito conceptual converteu-se, no fundo, num ónus para este R Plus Seven, desde logo pela sua condição de sucessor da obra mais impactante de Loupatin, mas também por inaugurar a ligação contratual com a Warp.
A comparação terá tanto de injusta como de inevitável, em face de uma onda de expectativas que, depois do portento criativo que foi Replica, criou uma ânsia gigante de continuação. Separem-se já as águas: R Plus Seven não é segunda parte do seu antecessor, nem tencionou sê-lo. De permeio das sonoridades sombrias e fracturadas que se conheciam (e são menos patentes), até da justaposição obtusa de samples, convocam-se agora as primícias da música digital, matéria tão cara à obra de Loupatin. Nesse sentido, R Plus Seven repesca o experimentalismo progressivo do norte-americano sobre matérias oitentistas que, sendo datadas, encontram aqui reencarnação válida mas que, também por isso, soam mais a experiência de estudo, com a consequente parcimónia, do que propriamente a um exercício especulativo sintonizado com o filão dourado de Replica. Não o desprestigia, é certo, mas fica irremediavelmente aquém.
A comparação terá tanto de injusta como de inevitável, em face de uma onda de expectativas que, depois do portento criativo que foi Replica, criou uma ânsia gigante de continuação. Separem-se já as águas: R Plus Seven não é segunda parte do seu antecessor, nem tencionou sê-lo. De permeio das sonoridades sombrias e fracturadas que se conheciam (e são menos patentes), até da justaposição obtusa de samples, convocam-se agora as primícias da música digital, matéria tão cara à obra de Loupatin. Nesse sentido, R Plus Seven repesca o experimentalismo progressivo do norte-americano sobre matérias oitentistas que, sendo datadas, encontram aqui reencarnação válida mas que, também por isso, soam mais a experiência de estudo, com a consequente parcimónia, do que propriamente a um exercício especulativo sintonizado com o filão dourado de Replica. Não o desprestigia, é certo, mas fica irremediavelmente aquém.
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