Tendo chegado ao conhecimento da comunidade melómana graças às ferramentas cibernéticas, então apresentando curiosas revisões de canções assinadas por terceiros (Klaxons, Goodbooks, Bloc Party ou Liars), o duo canadiano Crystal Castles inicia-se, agora, nas lides discográficas em nome próprio. E procurar uma definição para as electrónicas de Ethan Kath (programações) e Alice Glass (voz) leva-nos, desde logo, a uma delirante incursão pelo universo sonoro de videojogos datados, tal é a forma como as texturas incorporam rudimentares sons 8-bits para construir melodias, umas vezes em sobrelotado e intenso caos de ruídos, ao jeito de uma explosão hedonista de cóleras sem rumo definido, noutras encostando-se a formas mais convencionais do cancioneiro electropop "clássico". Em qualquer dos casos, há um denominador comum nas cadências rítmicas, a indisfarçável afinidade com a cartilha Soft Cell. E, ao mesmo tempo, num facto raro em música com este calibre orgânico, os ambientes do disco não se esgotam na festividade que seria natural esperar, nem sequer fazem dela epicentro, preferindo alinhar por um ansioso desencanto (nesse particular, as vocalizações ácidas de Glass desempenham papel crucial) pouco comum às pistas de dança. É esse o sinal identitário dos Crystal Castles, num disco a apontar para órbitas pós-festa e que vem recheado de (bons) exemplos da utilidade das máquinas para fazer electrónica angular, borbulhante, ingénua e absolutamente desafiante.
sábado, 3 de maio de 2008
Crystal Castles - Crystal Castles
Tendo chegado ao conhecimento da comunidade melómana graças às ferramentas cibernéticas, então apresentando curiosas revisões de canções assinadas por terceiros (Klaxons, Goodbooks, Bloc Party ou Liars), o duo canadiano Crystal Castles inicia-se, agora, nas lides discográficas em nome próprio. E procurar uma definição para as electrónicas de Ethan Kath (programações) e Alice Glass (voz) leva-nos, desde logo, a uma delirante incursão pelo universo sonoro de videojogos datados, tal é a forma como as texturas incorporam rudimentares sons 8-bits para construir melodias, umas vezes em sobrelotado e intenso caos de ruídos, ao jeito de uma explosão hedonista de cóleras sem rumo definido, noutras encostando-se a formas mais convencionais do cancioneiro electropop "clássico". Em qualquer dos casos, há um denominador comum nas cadências rítmicas, a indisfarçável afinidade com a cartilha Soft Cell. E, ao mesmo tempo, num facto raro em música com este calibre orgânico, os ambientes do disco não se esgotam na festividade que seria natural esperar, nem sequer fazem dela epicentro, preferindo alinhar por um ansioso desencanto (nesse particular, as vocalizações ácidas de Glass desempenham papel crucial) pouco comum às pistas de dança. É esse o sinal identitário dos Crystal Castles, num disco a apontar para órbitas pós-festa e que vem recheado de (bons) exemplos da utilidade das máquinas para fazer electrónica angular, borbulhante, ingénua e absolutamente desafiante.
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