Um percurso solidamente instituído, tanto junto do mercado editorial como de uma falange crescente de públicos, nacionais e internacionais, é o que está atrás deste oitavo disco de originais dos Moonspell. A progressiva maturação da trupe liderada por Fernando Ribeiro e, sobretudo, o engenho reformista que foi capaz de acrescentar em cada episódio da criação musical ajudaram a cimentar a marca mais credível do metal português e um dos conceitos mais vigorosos e activos do estafado nicho gótico europeu. Depois de dois exercícios nostálgicos dos primórdios, Memorial (2006) e, mais ainda, Under Satanae (2007, regravação de alguns dos primeiros trechos da banda), com um pendor melódico menos visível, o novo opus recupera as harmonias cruentas e viscerais de Antidote (2005), um dos vértices do património Moonspell, e soma-lhes o refinamento estético de vozes femininas mais presentes - a saber, elas são Anneke Van Giersbergen (Agua de Annique, ex-líder dos holandeses The Gathering), Sofia Vieira (Cinemuerte), Patrícia Andrade (The Vanity Chair) e Carmen Simões (Ava Inferi). Em tudo o mais, Night Eternal é um puro Moonspell, com a sonda no pacto tradicional entre ambientes negros e descargas ásperas, mas com uma escrita mais fluente e estruturada (em comparação com os dois trabalhos anteriores) e, acima disso, uma certa continência vocal de Fernando Ribeiro que, ao invés da verborreia desgovernada e omnipresente de outros momentos, aparece aqui com pertinência, foco e sentido. Mesmo escorregando, a espaços, para a orgânica contemplativa em que os Moonspell respiram com mais embaraço e apesar do conformismo que, aí, macula as composições, Night Eternal lambe as chagas de Memorial e tem tudo para recolocar o quinteto da Brandoa no seu azimute natural de romantismo gótico e de proporção entre a agressão e grandiosidade mística.
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