Depois de ter conseguido, no ano transacto, um impacto impressivo na órbita pop digital, ao lado da compatriota Ellen Allien (ver Orchestra of Bubbles), o alemão Sascha Ring está de volta por conta própria. Apesar das inúmeras solicitações e parcerias dos últimos anos, o músico não deixou de compor a título pessoal e Walls não é mais do que uma recolha de material acumulado desde a gravação do EP Silizium (2005). Nas palavras de Ring, a escolha do alinhamento do álbum não esteve subjacente a nenhum critério estético definido a priori, embora se perceba nas peças do alinhamento uma inclinação pop a que não serão estranhas as últimas manifestações do seu percurso. Todavia, esse pendor mais "convencional" (por oposição a outros trabalhos da sigla Apparat) não ofusca a costumeira diversidade estrutural das peças, tão certas a buscar enlaces harmónicos, ora partindo do mais cru esqueleto de minimalismo IDM, ora usando os mais expansivos e intrincados revestimentos digitais. Como se esperaria, é precisamente aí que reside o argumento mais convincente deste Walls, na caótica e frenética candura das texturas orgânicas (sempre foi essa a substância mais relevante da música Apparat), quase sempre contemplativas e mergulhadas na aura de intangibilidade que Sascha Ring vem aperfeiçoando nos últimos tempos. A ligação à terra é prescrita pelas vocalizações (dele ou de Raz Ohara) que, quando presentes, desviam o disco da órbita mais confortável (coisa particularmente evidente no single "Holdon", com Ohara) e nem sempre assentam bem no espectro largo e informal das construções rítmicas, diminuindo-lhes a luminosidade. A despeito dessas minudências técnicas, há em Walls um raro alinhamento de pequenas delícias sonoras que, se pontualmente não encantam à primeira audição, acabam por justificar algumas visitas atentas.
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Apparat - Walls
Depois de ter conseguido, no ano transacto, um impacto impressivo na órbita pop digital, ao lado da compatriota Ellen Allien (ver Orchestra of Bubbles), o alemão Sascha Ring está de volta por conta própria. Apesar das inúmeras solicitações e parcerias dos últimos anos, o músico não deixou de compor a título pessoal e Walls não é mais do que uma recolha de material acumulado desde a gravação do EP Silizium (2005). Nas palavras de Ring, a escolha do alinhamento do álbum não esteve subjacente a nenhum critério estético definido a priori, embora se perceba nas peças do alinhamento uma inclinação pop a que não serão estranhas as últimas manifestações do seu percurso. Todavia, esse pendor mais "convencional" (por oposição a outros trabalhos da sigla Apparat) não ofusca a costumeira diversidade estrutural das peças, tão certas a buscar enlaces harmónicos, ora partindo do mais cru esqueleto de minimalismo IDM, ora usando os mais expansivos e intrincados revestimentos digitais. Como se esperaria, é precisamente aí que reside o argumento mais convincente deste Walls, na caótica e frenética candura das texturas orgânicas (sempre foi essa a substância mais relevante da música Apparat), quase sempre contemplativas e mergulhadas na aura de intangibilidade que Sascha Ring vem aperfeiçoando nos últimos tempos. A ligação à terra é prescrita pelas vocalizações (dele ou de Raz Ohara) que, quando presentes, desviam o disco da órbita mais confortável (coisa particularmente evidente no single "Holdon", com Ohara) e nem sempre assentam bem no espectro largo e informal das construções rítmicas, diminuindo-lhes a luminosidade. A despeito dessas minudências técnicas, há em Walls um raro alinhamento de pequenas delícias sonoras que, se pontualmente não encantam à primeira audição, acabam por justificar algumas visitas atentas.
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