Já se escoou mais de uma década desde o misterioso desaparecimento de Jeff Buckley e o seu legado musical continua a ser revisitado ciclicamente ao sabor da avidez comercial. Embora tendo editado apenas um álbum em vida, o lendário Grace (1994) - sacralizado depois da morte do músico como o título revolucionário que, à época, não chegou a ser - Buckley depressa se tornou, em moldes semelhantes ao mito mediático erguido em volta da herança e das memórias de Kurt Cobain, um exemplo paradigmático de quão rentável pode ser um cantautor que morre aos trinta anos. Além desse disco de debute, entretanto reeditado em versão "melhorada", a Columbia lançou, sempre com a orientação artística (e copioso enriquecimento) da mãe Mary Guibert, uma tríade de álbuns ao vivo, reedições com o selo Legacy (da Columbia) e uma colecção de esboços das não findas sessões de gravação do sucessor de Grace. E talvez a gula não termine ainda neste So Real cujo mérito maior é, mostrando algumas das canções emblemáticas do curto percurso de Buckley e duas gravações não editadas antes (cabe no alinhamento uma previsível revisão de "I Know It's Over" dos Smiths), mostrar porque a visão e as aspirações artísticas de Buckley são, hoje, um valor consolidado dos cânones da música, mesmo com as suas incongruências e incompletudes. E esse recurso, a música por si só, vive além do seu criador, tem fôlego próprio, e dispensa a obsessão editorial que, mais do que homenagear o património "clássico" de Jeff Buckley, o vulgariza por exaustão.
quinta-feira, 7 de junho de 2007
Jeff Buckley - So Real: Songs From Jeff Buckley
Já se escoou mais de uma década desde o misterioso desaparecimento de Jeff Buckley e o seu legado musical continua a ser revisitado ciclicamente ao sabor da avidez comercial. Embora tendo editado apenas um álbum em vida, o lendário Grace (1994) - sacralizado depois da morte do músico como o título revolucionário que, à época, não chegou a ser - Buckley depressa se tornou, em moldes semelhantes ao mito mediático erguido em volta da herança e das memórias de Kurt Cobain, um exemplo paradigmático de quão rentável pode ser um cantautor que morre aos trinta anos. Além desse disco de debute, entretanto reeditado em versão "melhorada", a Columbia lançou, sempre com a orientação artística (e copioso enriquecimento) da mãe Mary Guibert, uma tríade de álbuns ao vivo, reedições com o selo Legacy (da Columbia) e uma colecção de esboços das não findas sessões de gravação do sucessor de Grace. E talvez a gula não termine ainda neste So Real cujo mérito maior é, mostrando algumas das canções emblemáticas do curto percurso de Buckley e duas gravações não editadas antes (cabe no alinhamento uma previsível revisão de "I Know It's Over" dos Smiths), mostrar porque a visão e as aspirações artísticas de Buckley são, hoje, um valor consolidado dos cânones da música, mesmo com as suas incongruências e incompletudes. E esse recurso, a música por si só, vive além do seu criador, tem fôlego próprio, e dispensa a obsessão editorial que, mais do que homenagear o património "clássico" de Jeff Buckley, o vulgariza por exaustão.
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