Trio de universitários de Curitiba, os Bonde de Rolê são um dos mais recentes fenómenos da música ligeira do Brasil (a par das Cansei de Ser Sexy) e, desde a sua "descoberta" pelo americano Diplo (ele próprio, um admirador do funk carioca dos morros), não mais cessou o tropel em volta deles e a consequente projecção mediática. Revelando, tal como as CSS, algum desprendimento face aos costumes "clássicos" da música brasileira (guardam apenas referências subliminares ao funk mais festivo, de percussão em algazarra) e apontando, sobretudo, para padrões sonoros do outro hemisfério, With Lasers é uma curiosa fusão entre exercícios de sampling com epicentro no heavy metal oitentista (as aparições são mais do que pontuais) e uma delirante profusão de beats e tresvarios digitais. Dir-se-ia que, nesse ponto, o disco desvenda uma estruturação decisivamente marcada pelo urbanismo actual, com a inevitável atracção pela vulgaridade (escutem-se as letras, pejadas de vacuidades e incipiências) e descontextualização cultural e descurando o sentido melódico típico da história das últimas décadas da música brasileira. Pior do que isso, na tentativa de suscitar um novo paradigma sonoro de festa de rua, assente essencialmente numa nem sempre lucrativa promiscuidade estética, os Bonde de Rolê perdem-se na sua própria algaraviada rústica e kitsch, precipitando um desfile de canções inconsequentes e cujo préstimo se fica pelo serviço mínimo para algumas pistas de dança. De toda a maneira, o que se esperava de um trio que, nas palavras da vocalista Marina Vello, busca inspiração numa vizinhança errática entre Christina Aguilera, Sleater-Kinney, Motorhead e Venga Boys?
segunda-feira, 4 de junho de 2007
Bonde do Rolê - With Lasers
Trio de universitários de Curitiba, os Bonde de Rolê são um dos mais recentes fenómenos da música ligeira do Brasil (a par das Cansei de Ser Sexy) e, desde a sua "descoberta" pelo americano Diplo (ele próprio, um admirador do funk carioca dos morros), não mais cessou o tropel em volta deles e a consequente projecção mediática. Revelando, tal como as CSS, algum desprendimento face aos costumes "clássicos" da música brasileira (guardam apenas referências subliminares ao funk mais festivo, de percussão em algazarra) e apontando, sobretudo, para padrões sonoros do outro hemisfério, With Lasers é uma curiosa fusão entre exercícios de sampling com epicentro no heavy metal oitentista (as aparições são mais do que pontuais) e uma delirante profusão de beats e tresvarios digitais. Dir-se-ia que, nesse ponto, o disco desvenda uma estruturação decisivamente marcada pelo urbanismo actual, com a inevitável atracção pela vulgaridade (escutem-se as letras, pejadas de vacuidades e incipiências) e descontextualização cultural e descurando o sentido melódico típico da história das últimas décadas da música brasileira. Pior do que isso, na tentativa de suscitar um novo paradigma sonoro de festa de rua, assente essencialmente numa nem sempre lucrativa promiscuidade estética, os Bonde de Rolê perdem-se na sua própria algaraviada rústica e kitsch, precipitando um desfile de canções inconsequentes e cujo préstimo se fica pelo serviço mínimo para algumas pistas de dança. De toda a maneira, o que se esperava de um trio que, nas palavras da vocalista Marina Vello, busca inspiração numa vizinhança errática entre Christina Aguilera, Sleater-Kinney, Motorhead e Venga Boys?
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