Diz-se que os rapazes deixaram saudades por cá, depois da apresentação pública do seu primeiro álbum no festival Creamfields, em Maio passado, no Parque da Bela Vista. São de Hamburgo e professam uma sonoridade muito próxima do electroclash (de resto, assumem essa a referência estrutural como uma doutrina), coisa típica numa metrópole onde tem recrusdescido, por oposição à electrónica de cânone de Berlim, uma vaga regeneradora do dance-rock que tem, agora, no duo Digitalism um dos vértices mais expressivos. Jens Moelle e Ismail Tuefecki são adeptos de um curioso cruzamento entre o fôlego desregrado (e alucinantemente robótico) da electrónica rave (é aí que o digitalismo demonstra o seu verdadeiro vigor) e os incitamentos hedonistas do rock (eles até já nos tinham dado versões remisturadas de Franz Ferdinand ou dos Klaxons...). Embora tendo sido erguido em torno de uma fórmula substancialmente pouco inovadora (por vezes, a coisa "tresanda" a Daft Punk ou Chemical Brothers), Idealism não se fecha na revisitação de conceitos e, mais do que isso, afoita-se numa perigosa - pelo risco evidente de inconsistência - mescla de estéticas dançantes, do minimalismo à disco, do house à vanguarda. A ironia suprema é que é o rock (directamente ou como miragem à distância de uma memória) a matéria unificadora da mistura. E o seu certificado de consistência. Afinal, basta um disco bem construído para desmontar as teses maniqueístas que cavam distâncias entre a música para as pistas de dança e o rock.
Posto de escuta Sítio da Boomkat
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