Depois de uma certa glorificação junto dos circuitos alternativos da música americana, na sequência da edição, em 2004, do dinamicamente melancólico Good News For People Who Love Bad News (aquele que foi considerado o corolário "natural" de um percurso relativamente consistente de mais de uma década a meia-luz), os Modest Mouse achavam-se num momento crítico do seu percurso. Conhecidas as várias possibilidades e dimensões de uma fórmula sonora essencialmente nutrida a malabarismos de guitarra e valendo-se dos múltiplos caracteres vocais de Isaac Brock, dois atalhos alternativos se abriam para eles no último álbum: ou repisavam a linguagem do antecessor, assim pondo à prova os ganhos de popularidade de então e expondo-se ao óbvio risco de mimetismo e inércia criativa, ou arregaçavam mangas em manobras reinventivas para investigar novos rumos para um som algo "gasto" e, no âmbito dessa experimentação, suscitariam uma vigilância mais severa de críticos e melómanos, em face da tentação do mainstream. Em qualquer dos casos, We Were Dead Before the Ship Even Sank mereceria sempre um escrutínio controverso e dificilmente agradaria a gregos e troianos. Em face dessa dúvida existencial e deixando de estar confinado às mutações abrasivas (e mais experimentais) das primícias, o novo opus dos Modest Mouse afigura-se o registo mais pop do seu percurso (não necessariamente no sentido mais "convencional" e depreciativo do termo), até porque aglutina as tendências sad da lírica de Brock com um optimismo sonoro (coisa que já se adivinhava no disco anterior) não escutado antes, pelo menos com esta amplitude. Conseguida a expansão estrutural do som (a integração do guitarrista Johnny Marr (ex-Smiths) desempenhou papel crucial nessa equação), falta apenas deixar que esse fôlego trepador contagie também a escrita. Afinal, convivem em We Were Dead Before the Ship Even Sank alguns momentos do escol Modest Mouse ("Dashboard" ou "Fly Trapped in a Jar", por exemplo) com peças demasiado monótonas ("Fire it Up", "Missed the Boat" ou "We've Got Everything") para não penalizarem a apreciação global do disco.
terça-feira, 5 de junho de 2007
Modest Mouse - We Were Dead Before the Ship Even Sank
Depois de uma certa glorificação junto dos circuitos alternativos da música americana, na sequência da edição, em 2004, do dinamicamente melancólico Good News For People Who Love Bad News (aquele que foi considerado o corolário "natural" de um percurso relativamente consistente de mais de uma década a meia-luz), os Modest Mouse achavam-se num momento crítico do seu percurso. Conhecidas as várias possibilidades e dimensões de uma fórmula sonora essencialmente nutrida a malabarismos de guitarra e valendo-se dos múltiplos caracteres vocais de Isaac Brock, dois atalhos alternativos se abriam para eles no último álbum: ou repisavam a linguagem do antecessor, assim pondo à prova os ganhos de popularidade de então e expondo-se ao óbvio risco de mimetismo e inércia criativa, ou arregaçavam mangas em manobras reinventivas para investigar novos rumos para um som algo "gasto" e, no âmbito dessa experimentação, suscitariam uma vigilância mais severa de críticos e melómanos, em face da tentação do mainstream. Em qualquer dos casos, We Were Dead Before the Ship Even Sank mereceria sempre um escrutínio controverso e dificilmente agradaria a gregos e troianos. Em face dessa dúvida existencial e deixando de estar confinado às mutações abrasivas (e mais experimentais) das primícias, o novo opus dos Modest Mouse afigura-se o registo mais pop do seu percurso (não necessariamente no sentido mais "convencional" e depreciativo do termo), até porque aglutina as tendências sad da lírica de Brock com um optimismo sonoro (coisa que já se adivinhava no disco anterior) não escutado antes, pelo menos com esta amplitude. Conseguida a expansão estrutural do som (a integração do guitarrista Johnny Marr (ex-Smiths) desempenhou papel crucial nessa equação), falta apenas deixar que esse fôlego trepador contagie também a escrita. Afinal, convivem em We Were Dead Before the Ship Even Sank alguns momentos do escol Modest Mouse ("Dashboard" ou "Fly Trapped in a Jar", por exemplo) com peças demasiado monótonas ("Fire it Up", "Missed the Boat" ou "We've Got Everything") para não penalizarem a apreciação global do disco.
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1 comentário:
Legal seu post, deem também uma olhada no nosso em http://nerdwiki.com/2014/01/09/modest-mouse/ Obrigado.
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