Apesar de ser filho do seminal filão electrónico alemão e de já ter tocado com os conterrâneos F.S. Blumm e Mouse on Mars e com os americanos The Books, Andreas Otto é uma incógnita fora do seu país. Park and Ride é a segunda gravação que lança, a primeira ulterior à emigração para Amesterdão, e expõe um mosaico curioso de construções sintéticas, em exploração das possibilidades retóricas da electrónica minimalista. Trata-se, sobretudo, de um exercício espontâneo do mais artesanal e básico princípio da criação musical, a busca de melodias naturais e verosímeis, independentemente da sua fundamentação estrutural. Neste caso, as matérias são maquinais e provêm dos mais elementares caracteres do minimalismo, combinados com a erudição de um domador experimentado e engenhoso a sugerir, nos conflitos sónicos dos trechos, a dualidade do título. É como se, no mesmo universo (no disco e cá fora), existisse uma improvável camaradagem entre o torpor e quietude das introspecções (a pausa, o intervalo, o "park") e a euforia corrompida da urbanidade (a viagem, a lida, a "ride"). No final, essa ambivalência fecha o disco à austeridade e frieza típicas neste género de produtos, envolvendo-o numa saudável atmosfera de subjectividade. As aparições pontuais da guitarra de F.S. Blumm e dos vocais de Kazumi (na pérola "Precastor") são somente ornamentos colaterais desse saboroso princípio de incerteza.
quarta-feira, 21 de março de 2007
Springintgut - Park and Ride
Apesar de ser filho do seminal filão electrónico alemão e de já ter tocado com os conterrâneos F.S. Blumm e Mouse on Mars e com os americanos The Books, Andreas Otto é uma incógnita fora do seu país. Park and Ride é a segunda gravação que lança, a primeira ulterior à emigração para Amesterdão, e expõe um mosaico curioso de construções sintéticas, em exploração das possibilidades retóricas da electrónica minimalista. Trata-se, sobretudo, de um exercício espontâneo do mais artesanal e básico princípio da criação musical, a busca de melodias naturais e verosímeis, independentemente da sua fundamentação estrutural. Neste caso, as matérias são maquinais e provêm dos mais elementares caracteres do minimalismo, combinados com a erudição de um domador experimentado e engenhoso a sugerir, nos conflitos sónicos dos trechos, a dualidade do título. É como se, no mesmo universo (no disco e cá fora), existisse uma improvável camaradagem entre o torpor e quietude das introspecções (a pausa, o intervalo, o "park") e a euforia corrompida da urbanidade (a viagem, a lida, a "ride"). No final, essa ambivalência fecha o disco à austeridade e frieza típicas neste género de produtos, envolvendo-o numa saudável atmosfera de subjectividade. As aparições pontuais da guitarra de F.S. Blumm e dos vocais de Kazumi (na pérola "Precastor") são somente ornamentos colaterais desse saboroso princípio de incerteza.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário