Em condições normais, um disco com duas dúzias de faixas é um despautério. Porém, no caso dos Apples in Stereo, colectivo de Robert Schneider em silêncio há cerca de cinco anos, a proposta acaba por ser a réplica certa ao longo silêncio do músico que apenas conheceu intermissão com Expo, gravado há um par de anos sob o alter-ego Marbles. Retomado o percurso dos Apples, é reavido o andamento pop sessentista que prevalecia nos outros álbuns do colectivo, aqui com cores mais garridas, ainda que retendo as mesmas influências (um pouco mais abstractas e distantes) dos Beach Boys e dos Beatles. Ao mesmo tempo, as canções parecem fiéis a uma matriz criativa distinta, com outra propensão melódica e redutora (não castradora) dos abusos psicadélicos do passado. Em consequência, as texturas de sons de New Magnetic Wonder são mais imediatas, dir-se-ia que assumidamente mais pop multiusos, o que não deve ser tomado como sinónimo de cedências, antes como avivamento de substâncias que sempre estiveram na música dos Apples e que saem a ganhar da útil (e quase despercebida) protecção da electrónica. A mesma que, nos brevíssimos instantâneos que intercalam com as canções mais "convencionais", faz contraponto do conformismo teórico do disco e abre janelas para um escapismo conveniente, em ressaca da adocicada descarga de regozijo.
segunda-feira, 19 de março de 2007
The Apples in Stereo - New Magnetic Wonder
Em condições normais, um disco com duas dúzias de faixas é um despautério. Porém, no caso dos Apples in Stereo, colectivo de Robert Schneider em silêncio há cerca de cinco anos, a proposta acaba por ser a réplica certa ao longo silêncio do músico que apenas conheceu intermissão com Expo, gravado há um par de anos sob o alter-ego Marbles. Retomado o percurso dos Apples, é reavido o andamento pop sessentista que prevalecia nos outros álbuns do colectivo, aqui com cores mais garridas, ainda que retendo as mesmas influências (um pouco mais abstractas e distantes) dos Beach Boys e dos Beatles. Ao mesmo tempo, as canções parecem fiéis a uma matriz criativa distinta, com outra propensão melódica e redutora (não castradora) dos abusos psicadélicos do passado. Em consequência, as texturas de sons de New Magnetic Wonder são mais imediatas, dir-se-ia que assumidamente mais pop multiusos, o que não deve ser tomado como sinónimo de cedências, antes como avivamento de substâncias que sempre estiveram na música dos Apples e que saem a ganhar da útil (e quase despercebida) protecção da electrónica. A mesma que, nos brevíssimos instantâneos que intercalam com as canções mais "convencionais", faz contraponto do conformismo teórico do disco e abre janelas para um escapismo conveniente, em ressaca da adocicada descarga de regozijo.
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