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Depois da aceitação quase universal de uma certa sacralização da electrónica plácida de J.B. Dunckel e Nicolas Godin, no seguimento do seminal debute com Moon Safari (1998), o peso mediático de cada edição dos franceses multiplicou-se exponencialmente. Na mesma medida, ao passo que se reproduziam inúmeros projectos de réplica dos Air (Kid Loco, Zero 7, St. Germain, Flunk, Sia ou Koushik, para citar alguns), com impressões variáveis, a dupla projectava gradualmente outros critérios, procurando arrumações diferentes para um som essencialmente voltado para o relaxe no sofá. A prudência contemplativa do anterior Talkie Walkie é coisa repisada no novo disco, quiçá reforçada, e isso é demonstração de um conformismo imprevisto, confirmado pela matriz estrutural do trabalho, sem sombra de mudanças drásticas em relação ao antecessor. Louva-se o recurso a instrumentos orientais que soma, em algumas peças de Pocket Symphony, uma alavanca instrumental útil mas que, mesmo com a aparição esporádica de Jarvis Cocker e Neil Hannon, não é suficiente para afastar o sabor generalizado a mediania.
1 comentário:
tens razão, o "feeling" mediano assombra demasiado o disco, penso que os Air estão um pouco com as ideias "furadas", o brilho de outrora parece estar a desvanecer...
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