Repetindo a produção de Wolfgang Schloegl, dos austríacos Sofa Surfers, o quinteto lisboeta Hipnótica chega ao quarto fascículo do seu trajecto com o discernimento próprio de um colectivo que, volvida mais de uma década da sua génese, achou um nicho particular na música lusa. Depois de algumas oscilações (ou princípios de incerteza) estética, progressivamente afastados com o passar dos anos e a práxis de palcos e estúdios, a identidade sonora do grupo é, hoje, uma certeza com substância. Se, há três anos, Reconciliation fora jornada peremptória desse crescimento, confirmado recentemente na infalível ambivalência dos sons de Pele, fita de Fernando Vendrell, o corolário é exposto agora. Apresentando uma banda mais segura das valências de um registo sonoro que, tendo um híbrido trip-hop jazz como solução dominante, não descarta intersecções com outros ensinamentos, venham eles da electrónica mais imaterial (quase a chamar para a abstracção) ou de uma intuída proximidade com as escalas do rock experimentalista, New Communities For Better Days é o opus mais maduro dos Hipnótica. E o sentido de novas comunidades do título é levado à letra pelos lisboetas que, abrindo o estúdio a lucrativos auxílios de terceiros (de entre eles, sobressaem os metais de Abdul Moimême) somam cores virgens a uma proeza que deve reservar-lhes honras de figuração nos sumários best de fim de ano. Com justiça.
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