Side-project com alguns elementos dos escandinavos Jaga Jazzist, o conceito Shining mostrou, nos três discos anteriores a este Grindstone, ser um intrigante mutante. Com uma impressionante (e também saborosamente perturbadora) queda para desmontar qualquer noção preconcebida de música, os noruegueses atribuem-se um raro idioma sonoro, em longitudes díspares dos ambientes da casa-mãe. Sob este outro baptismo, a doutrina maior é o rock (progressivo, vanguardista ou voraz), não nos caracteres formais mais habituais, antes em exercícios de patrocínio de um art-jazz libertino, remendando-lhe os desvarios e corrigindo rotas. Nota-se uma propensão metal mais flamejante do que em anteriores trabalhos que, mesmo tendo as rédeas das texturas do disco, não atrapalha a interferência de outras forças dominadas pela banda, além do citado experimentalismo jazz, a abstracção electrónica - a luzir como cristais nos espaços negros do álbum - os arranjos barrocos - a lembrar as evasões de Bach - ou o canto lírico afiado. Acima de tudo, sobrevém um fenómeno raro: os contrastes ensaiados pelos Shining, se inicialmente ameaçam asfixiar o ouvinte em múltiplas contingências, acabam por refractar para um espaço comum, deixando no ar a excitação da cumplicidade.
terça-feira, 13 de março de 2007
Shining - Grindstone
Side-project com alguns elementos dos escandinavos Jaga Jazzist, o conceito Shining mostrou, nos três discos anteriores a este Grindstone, ser um intrigante mutante. Com uma impressionante (e também saborosamente perturbadora) queda para desmontar qualquer noção preconcebida de música, os noruegueses atribuem-se um raro idioma sonoro, em longitudes díspares dos ambientes da casa-mãe. Sob este outro baptismo, a doutrina maior é o rock (progressivo, vanguardista ou voraz), não nos caracteres formais mais habituais, antes em exercícios de patrocínio de um art-jazz libertino, remendando-lhe os desvarios e corrigindo rotas. Nota-se uma propensão metal mais flamejante do que em anteriores trabalhos que, mesmo tendo as rédeas das texturas do disco, não atrapalha a interferência de outras forças dominadas pela banda, além do citado experimentalismo jazz, a abstracção electrónica - a luzir como cristais nos espaços negros do álbum - os arranjos barrocos - a lembrar as evasões de Bach - ou o canto lírico afiado. Acima de tudo, sobrevém um fenómeno raro: os contrastes ensaiados pelos Shining, se inicialmente ameaçam asfixiar o ouvinte em múltiplas contingências, acabam por refractar para um espaço comum, deixando no ar a excitação da cumplicidade.
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