Demasiado remotas são as memórias de garagem de Nick Cave, do tempo em que ele e os compinchas dos The Birthday Party revolviam as entranhas mais negras do punk e expunham o seu lado mais corrosivo, em lentas e depressivas combustões. Volvidas mais de duas décadas do último acorde dessa trupe, Nick Cave é, hoje, um cinquentão ícone de outras andanças, apartadas dessa deflagrante rebeldia e vizinhas das órbitas mais melódicas da melancolia. Todavia, em Grinderman, fazendo-se rodear de companheiros dos Bad Seeds, ele parece querer recuperar o tal feixe de ideiais mais eléctricas dos Birthday Party, se não na crueza rústica (quase agressividade) típica de músicos rockeiros em génese - essa seria impossível de resgatar - pelo menos na predisposição para agarrar um som esteticamente mais solto e com pouco verniz de produção. Afinal, um código sonoro domado por Cave há uns largos anos atrás mas que, crivado pela poética contemporânea do músico (substância melancólica que, na maior parte dos trechos, avança sobre a tentada ousadia rock), não chega a ser igualmente impressivo. E a promessa eléctrica esfuma-se num alinhamento com Nick Cave a mais para ser baptizado de Grinderman.
quinta-feira, 8 de março de 2007
Grinderman - Grinderman
Demasiado remotas são as memórias de garagem de Nick Cave, do tempo em que ele e os compinchas dos The Birthday Party revolviam as entranhas mais negras do punk e expunham o seu lado mais corrosivo, em lentas e depressivas combustões. Volvidas mais de duas décadas do último acorde dessa trupe, Nick Cave é, hoje, um cinquentão ícone de outras andanças, apartadas dessa deflagrante rebeldia e vizinhas das órbitas mais melódicas da melancolia. Todavia, em Grinderman, fazendo-se rodear de companheiros dos Bad Seeds, ele parece querer recuperar o tal feixe de ideiais mais eléctricas dos Birthday Party, se não na crueza rústica (quase agressividade) típica de músicos rockeiros em génese - essa seria impossível de resgatar - pelo menos na predisposição para agarrar um som esteticamente mais solto e com pouco verniz de produção. Afinal, um código sonoro domado por Cave há uns largos anos atrás mas que, crivado pela poética contemporânea do músico (substância melancólica que, na maior parte dos trechos, avança sobre a tentada ousadia rock), não chega a ser igualmente impressivo. E a promessa eléctrica esfuma-se num alinhamento com Nick Cave a mais para ser baptizado de Grinderman.
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1 comentário:
não gostei deste albúm, o brilho de Nick Cave esteve muito enevoado neste trabalho...
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