segunda-feira, 12 de março de 2007

Gui Boratto - Chromophobia

8/10
Kompakt
2007
www.guiboratto.com.br



Apesar de o seu nome não ter sido ainda decifrado nos palanques do mainstream, o DJ paulista Gui Boratto tem atraído a deferência da imprensa alemã especializada em música electrónica. Chromophobia, primeiro álbum do brasileiro, prolonga os atributos que se ouviram em alguns singles do ano transacto, investindo na mesma receita house minimalista que, a despeito dos múltiplos desenvolvimentos estruturais das composições, não compromete o notável sentido de coesão do ópus. E se essa ligação sistémica entre os trechos podia, à partida, induzir alguma monotonia, a arte de Boratto introduz o pêndulo emocional certo: um tricotado complexo de sons divergentes, entre a euforia e o sinistro, algo que eleva os tons do disco a um estado de suspensão permanente e alguma opacidade. Absorvido nessa hipnose, o ouvinte é sujeito a exóticas construções de sons mecânicos (mas com denotação emocional), com crescendos cheios de acrobacias e algumas surpresas (a excelência do acompanhamento de guitarra, em "Xilo", e, logo a seguir, a única manifestação vocal do tomo, em "Beautiful Lie", são exemplos paradigmáticos). Com este leque de dons, Chromophobia experimenta a certeza de que do mínimo também se pode fazer magia.

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