segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

The Mars Volta - Frances The Mute

Apreciação final: 8/10
Edição: Março 2005
Género: Pós-Rock/Rock Experimental/Art Rock



Provindo das cinzas dos At The Drive-In, o projecto The Mars Volta apresenta um conceito rock ambicioso, com o desígnio de afirmar novas fronteiras, sob a convicção de que o hardcore, o improviso extravagante e o psicadelismo são fontes primárias. Partindo desse preceito, o colectivo concebe um género rock não generalista, inspirado na arte progressiva. Frances The Mute é intenso e paranóico; tem uma orgânica complexa, em tangência com uma inquietante e volátil sensação de ansiedade. O disco é aprimorado no detalhe e aventura-se no exigente desafio de (des)construir a rigidez do rock, indo além do antecessor De-loused In The Comatorium (2003) na inclusão de influências sónicas variadas: há aqui flamenco, emo, free jazz e rock progressivo. O alinhamento de Frances The Mute contempla cinco faixas, cada uma junta pedaços de composições, na criação de um documento maior, um supremo exercício de criatividade e génio. Para o auditor, Frances The Mute é uma jornada sensacional, sem destino definido, um arroubo que apetece aceitar sem reflectir, um repto impreterível de ritmos descontínuos. Mais do que um disco, Frances The Mute é uma peça de arte angélica e dissonante, derriba todos os preconceitos musicais e torna-se uma alucinante definição do auge de uma nova família musical.

Não há como negar: Frances The Mute é um disco soberbo. Rock crescido, alienado e genial para mentes evoluídas. Não é um tomo imediatamente acessível, deve ser lentamente ruminado, até que se lhe degustem todos os travos sónicos. E uma vez completada a prova, é irreprimível o desejo de repetir muitas e muitas vezes.