sexta-feira, 4 de fevereiro de 2005

Ani DiFranco - Knuckle Down

Apreciação final: 5/10
Edição: Janeiro 2005
Género: Indie Rock/Folk Alternativo/Cantautor



A tenacidade da luta da americana Ani DiFranco contra o poderio das multinacionais que dominam a música granjeou-lhe o epíteto de símbolo de culto dos anos 90, também pelo indisfarçável feminismo da sua escrita e pela controversa assunção da bisexualidade.

Em Knuckle Down a cantora/compositora continua orgulhosamente independente - o disco é lançado pela Righteous Babe, editora da própria DiFranco. A confiança dos anos de estrada e escrita da cantora é notória neste registo, uma profusa combinação de géneros, de sons quentes e convidativos. A co-produção de Joe Henry dá uma ajuda à nitidez da mensagem caústica de Ani DiFranco, muitas vezes escorregando para o formato spoken-word, ainda que neste registo haja menos insinuações de cariz político. O furacão DiFranco terá amainado? Ou o status quo não é já inspiração bastante? Não se pense, contudo, que o disco é despiciendo. Os seguidores da autora, continuarão a perceber-lhe as complexas alegorias, o lirismo da poesia, a intimidade manifesta e o tom confessional dividido entre a ditosa vivência e a taciturna consternação. A assinatura DiFRanco preenche o tomo, a sua marca é inconfundível, mas a produção não é inócua em alguns temas?

Knuckle Down não é decisivo, perde-se num expedito ensaio para se afirmar. Ani Di Franco já tem um espaço, não o perdeu, não tem que o recobrar e, tivesse-o perdido, seguramente não o resgataria com este trabalho. Knuckle Down é o mais recente indício de que o tempo amoleceu a rebeldia de DiFranco e, com isso, se dissolveu o ácido da escrita. Ph neutro.

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