quinta-feira, 10 de abril de 2008

Tapes 'n Tapes - Walk it Off

6/10
XL Records
2008
www.tapesntapes.com



Com as órbitas da blogosfera e a auto-promoção escritas na sua origem e, a partir daí, tendo crescido consistentemente para lá do chamado fenómeno das blog bands, os americanos Tapes 'n Tapes vão desenhando uma identidade sonora que, depois da aplaudida estreia com The Loon, há três anos, merece agora o sempre crítico segundo episódio. Esteticamente colocados num ilustre fio temporal de influências que vem dos Pavement e dos Pixies (quem não é influenciado por ambos?) ou dos Talking Heads aos Modest Mouse e aos Arcade Fire, Josh Grier e seus pares mostraram, nesse primeiro exercício, o quarteto de verbetes fundamentais ao tutano da banda: sabores retro, abstracção, eclectismo rock e fórmulas acêntricas. Levantaram-se, então, talvez algo impensadamente, louvores de que eles seriam mensageiros de um novel movimento de canções rock esdrúxulas, de um qualquer neo-psicadelismo ainda por decifrar; a verdade é que, neste Walk It Off, confirma-se que essa tendência para dar às peças musicais um toque de inconformismo não foi gesto isolado, não só porque o álbum desfia graças de eclectismo mas, sobretudo, porque é uma vibrante colecção de bizarrias e aparentes incongruências (embora isso seja menos notório do que no debute). A esse facto não é alheia a produção do alquimista Dave Fridmann (produtor dos Flaming Lips, por exemplo), aqui gloriosamente a emprestar aos Tapes 'n Tapes o inconfundível fetichismo pela maquilhagem caleidoscópica: guitarras pujantes, doses copiosas de reverberação e vozes desfiguradas e ecoantes.

Neste espírito, a associação Fridmann/Tapes 'n Tapes - porque ambos defendem um princípio de criatividade centrífuga (tomando como centro os modelos mais conformistas da pop) - parecia destinada ao êxito. O problema é que, em grande parte de Walk it Off, a escrita de Grier é mais centrada do que os antecedentes fariam prever, resvalando para uma previsibilidade melódica a que a banda parecia (no primeiro álbum) imune. "Demon Apple" é a peça que melhor resiste a essa fatalidade sistémica do disco, demonstrando a inconstância estrutural e a dose de excentricidade que melhor serve o imaginário dos Tapes 'n Tapes. Atrás dessa, uma tríade de competências suficientes: "Lines", o single "Hang Them All" e "Conquest". Nos sobejos parece habitar uma languidez que, até aqui, se julgava ausente do dicionário sonoro da banda de Minneapolis. E isso quer dizer que Walk it Off tem menos substância do que se esperava.

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