quinta-feira, 20 de outubro de 2005

Wolf Parade - Apologies to Queen Mary

Apreciação final: 8/10
Edição: Sub Pop, Setembro 2005
Género: Indie Rock
Sítio Oficial: http://wolfparade.cjb.net








Eles são quatro canadianos, vêm de Montreal e apresentam o primeiro longa-duração. Chegados à Sub Pop pela mão de Isaac Brock (o mentor dos Modest Mouse também assina a produção deste álbum), os Wolf Parade prometem sacudir o mundo indie à custa de alegorias rock que trazem à memória as referências óbvias da passada folk deliciosamente desengonçada dos Modest Mouse, do fervor sumptuoso dos compatriotas Arcade Fire, da incontinência criativa de Bowie e do intento melódico dos Pixies. Se a isso se une uma escrita com conta, peso e medida e uma produção que ajuda a colorir, sem desregramento, o tecido sónico do grupo, o efeito é um álbum digno de figurar no quadro de honra para este ano. Depois, os vocalistas Spencer King e Dan Boeckner dividem registos vocais recurvos, sublinhando a pose quase afrontosa do discurso dos Wolf Parade. Será que eles se dão conta? A tensão/excitação que nasce do som destes canadianos é feita de concomitâncias paradoxais: eles são a ferida e o lenitivo. Apologies to Queen Mary é capaz de agrilhoar o ouvinte, deixá-lo atado sem alegação para, de seguida, o libertar em afagos. E tudo isto é lançado aos ouvidos com a mesma simplicidade, numa toada simultaneamente primitiva (não há aqui sinais do rock de tempos idos?) e contemporânea, plena de substância, de fantasia e de desvario. Os Wolf Parade são corsários que roubaram e embriagaram (ou forçaram ao contacto com alucinogénicos?) o rock, que lhe emprestaram sintetizadores cortantes e timbres alucinados de piano e o converteram, com argúcia, a um circo de habilidades e surpresas. Apologies to Queen Mary é, em si mesmo, uma caixinha de surpresas, não de Pandora mas de Orfeu, um disco digno de ser ouvido repetidamente, tantos os segredos sob o seu resguardo.

Apologies to Queen Mary é um disco entusiasmante porque alterna entre o desatino extravagante e a razão consciente, com a mesma alvura e singeleza e sem perder o equilíbrio. Sem concessões, farto de espontaneidade e grandes canções, este desfile de lobos e as suas desculpas à rainha têm tudo para se tornar um vício. Vai uma aposta?

3 comentários:

Spaceboy disse...

Gostei muito deste disco mas falta-lhe a magia dos Arcad Fire. Mas se continuarem assim vão longe...

John Holmes Reys disse...

Confesso a minha ignorância em relação ao trabalho do grupo, mas fui ao seu site oficial e apaixonei-me pela música «You are a Runner, and I am my Father's Son». O AC tem razão, prometem ser uma banda entusiasmante. Um abraço.

Sunday Morning disse...

gostei bastante do albúm e a especialmente a música modern world