quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Laura Veirs - Year of Meteors

Apreciação final: 7/10
Edição: Nonesuch, Agosto 2005
Género: Indie Pop/Folk
Sítio Oficial: www.lauraveirs.com








Natural de Seattle, Laura Veirs mantém-se em reservado quase-anonimato, embora este seja já o quarto álbum de um percurso musical que acata os costumes folk da música americana com uma certa vocação pop. A personalidade musical de Veirs é introspectiva e cerebral e perscruta, através de um som polido e arrumado, alguns retratos avulsos de uma vivência marcada pelo romantismo, pela crítica social e pelo exame de temperamentos. Veirs é uma baladeira e afirma-o sem subterfúgios, com o auxílio fiel da guitarra (também da banda de suporte, os Tortured Souls) e uma dose reforçada de crença na espontaneidade. Se esse desafio havia sido ganho com o gentil Carbon Glacier(2004), um álbum que afirmara um compromisso mais atmosférico, simultaneamente pessoal e distante, neste Year of Meteors as composições são mais íntimas e quentes e defendem uma toada de misticismo, ainda que num jeito menos depressivo. A fórmula musical é simples: texturas singelas, essencialmente acústicas, um pouco de electrónica, arranjos apurados e pertinentes, ritmos demorados e um registo vocal (e alma criativa?) próximo de Suzanne Vega, Beth Orton ou Joni Mitchell. O resto é pura metáfora, como se um imaginário de fantasia (o capricho fractal de ficção de Veirs é feito de sereias luzidias, de ursos vibrantes, de pombos adejantes, de fantasmas em reunião e chuvas de meteoros...) fosse a mais modelar exposição da condição humana.

Year of Meteors é um documento musical de revivescências vívidas e surreais, assentes na voz crespa (também doce) de Veirs e numa orgânica musical íntegra. E depois, Veirs deixa-nos um compromisso metaforicamente romântico suspenso em "Spelunking": "If I took you, darling/to the caverns of my heart/would you light the lamp, dear?/and see fish without eyes, bats with their heads/hanging down towards the ground/would you still come around?". Estas são as grutas de Veirs, vamos acender a lamparina e desatar os segredos ou aceitar a melancolia do negrume?

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