terça-feira, 11 de outubro de 2005

Maria Rita - Segundo

Apreciação final: 8/10
Edição: Warner, Setembro 2005
Género: MPB/Jazz/Samba
Sítio Oficial: www.maria-rita.com








Dois anos volvidos do lançamento homónimo que atirou o nome de Maria Rita para os focos do mediatismo da nova música brasileira, a filha de Elis Regina regressa com um disco que conta com a produção da própria e do conceituado Lenine. Seguindo o legado de uma linhagem de eleição, o fenómeno Maria Rita promete prosseguir, até multiplicar-se, com este Segundo. O álbum é mais introspectivo, acentua cláusulas de sobriedade e comedimento não vistas no antecessor. Este comedimento, certamente não menos cintilante que a rebeldia da estreia, não reduziu o ardor da chama musical de Maria Rita, apenas o moldou de jeito diferente, com a preciosa colaboração do pianista Tiago Costa, cujos arranjos marcam omnipresentemente o disco, e das composições de convidados ilustres como Rodrigo Maranhão ("Caminho das Águas" e "Recado"), Marcelo Camelo ("Casa Pré-Fabricada" e "Despedida") e o uruguaio Jorge Drexler ("Mal Intento"), vencedor de um Óscar com a música "Al Outro Lado del Rio" no filme Diários de Che Guevara. Depois, num teste à espontaneidade e à dinâmica das actuações ao vivo, Segundo mereceu gravação simultânea de voz e instrumentos, o que reforçou o intimismo das composições, sempre apoiadas na ternura da voz de Maria Rita.

O repertório é da melhor safra, num alinhamento de inéditos onde cabem também versões de clássicos de Eduardo Krieger ("Cirando do Mundo") ou Edu Lobo/Chico Buarque ("Sobre Todas as Coisas"). Depois, a voz de Rita. Sem cedências ou deslizes e em métricas e fraseados que trazem à memória o sinal genético de sua mãe, a jovem sobrevem a pretensos mimetismos e, cada vez mais, afirma um estilo próprio e cuja elasticidade é posta à prova numa colecção de géneros que coloram o disco, do samba ao bolero, do maracatu à capoeira, do jazz lírico aos ritmos quentes. Segundo é doutrina e afirma Maria Rita, com a erudição esperada, no papel de cantora, talvez a melhor do Brasil por estes dias. Com Segundo, Rita emancipa-se definitivamente do genoma. E sempre com brilhantismo. Sempre Maria Rita.

1 comentário:

Spaceboy disse...

Estou agora a ouvir este novo disco e tenho prazer de constatar que Maria Rita tem uma voz capaz de encantar qualquer um...que voz sublime...