quinta-feira, 12 de maio de 2005

Okkervil River - Black Sheep Boy

Apreciação final: 7/10
Edição: Jagjaguwar, Abril 2005
Género: Indie Rock







Texanos de origem, os Okkervil River são capazes de juntar um certo garbo instrumental a textos profundos que se movem gentilmente entre as fracturas da emoção humana e a intimidade da confissão. De resto, Black Sheep Boy aceita esse preceito, serve-se de uma toada taciturna que, em simultâneo, é o catalisador do turbilhão de sentimentos que preenche o espaço sónico do disco e, com semelhante destreza, é a panaceia para as convulsões internas do processo. Nessa medida, Black Sheep Boy é paradoxal como um conflito que apazigua. Os arranjos são augustos e secundam agilmente o discurso quase histérico de Will Sheff. Não se pense que o disco destila raivas cadentes. Puro engano. Os contextos são outros: filhos desaparecidos e/ou abusados, amigos perdidos, amores desencontrados e relações humanas frustradas. A meditação altruísta assenta em canções melódicas e cuidadosamente urdidas, divididas entre o galanteio à atmosfera mexida do rock e o secretismo íntimo da balada indie. Em ambos os formatos, os Okkervil River têm êxito e dão a Black Sheep Boy a ambivalência de um vigor terno e de uma fragilidade tocante.

Contendo alguns dos melhores temas da carreira do grupo texano ("For Real", por exemplo), Black Sheep Boy parte do tema homónimo que Tim Hardin escreveu em 1967 e segue numa expedição contemplativa pela dor da espécie humana. A única mácula: não se percebe uma evolução no som do grupo. Ainda assim, o charme rústico deste trabalho e o traço idiossincrásico do ensemble texano são garantia de entretenimento.

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