Apreciação final: 8/10
Edição: Matador, Maio 2005
Género: Indie Rock/Cantautor
Edição: Matador, Maio 2005
Género: Indie Rock/Cantautor
Terceiro álbum a solo do ex-líder dos Pavement, Face The Truth é um depoimento de maturação criativa. Se é verdade que o semblante das composições é comparável ao do anterior projecto do músico (dos três títulos a solo do músico este é o que mais se aproxima desse registo), graças à força interventiva das guitarras e ao fino travo nostálgico que atravessou horizontalmente o percurso dos Pavement, um fenómeno recente parece locupletar o registo sonoro de Malkmus: a atracção pela electrónica. Da versatilidade de um certo experimentalismo nessa área, resulta um disco confiante que revivifica o compositor americano e lhe permite desvarios inventivos não percebidos antes. E esses passos de reinvenção são firmes, conferindo a Face The Truth um eclectismo ímpar, uma dimensão de aventura sónica sem fronteiras e preconceitos. Os arranjos instrumentais são de nível superior, propiciando a definição de texturas sonoras intrincadas e aparentemente densas da mais pura folk psicadélica mas que seduzem o ouvinte aos poucos, audição após audição. Decifrada a cortina críptica que envolve o disco, sobeja a música mais iluminada do percurso de Malkmus a solo. Estranha certamente, mas brilhante.
Face The Truth é o trabalho mais ambicioso do trajecto solitário de Malkmus e domina com sobriedade o confronto de estilos musicais distintos, aqui moldados com erudição na forma de uma massa sónica heterogénea, também paradoxalmente monolítica porque vinculada a um fio condutor ubíquo. Essa linha orientadora não é mais do que a impressão idiossincrática de Malkmus (e dos Pavement?) que, afinal, se vê confirmada neste Face The Truth como uma das mais válidas assinaturas de compositor do momento. Cabe-nos desmontar o disco, aceitar a comunicação das suas peças e divagar sem cismas, com a recordação do ómega dos Pavement, pela descoberta, duas tentativas falhadas depois, de um novo alfa para Malkmus.
1 comentário:
É imperdoável eu ainda não ter o álbum. E se for como tu descreves, mais uma razão!
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