Apreciação final: 8/10
Edição: Vagrant, Abril 2005
Género: Cantautor/Indie Rock/Indie Pop
Edição: Vagrant, Abril 2005
Género: Cantautor/Indie Rock/Indie Pop
Os Eels são Mark Oliver Everett. Cantor, compositor e intérprete, E - como é conhecido - é o mentor deste singular projecto, apesar de os Eels se apresentarem colectivamente. A exposição mediática do grupo (ou de E?) foi amplificada com a recente participação em diversas bandas sonoras para a sétima arte que serviram de cartão de visita para a imagem de marca do som dos Eels: produção hiperbólica, voz frágil e contextos líricos iconoclastas. A isso, acresce um espectro sónico ecléctico e versátil, particularmente sensível neste duplo-álbum Blinking Lights and Other Revelations. O disco acolhe as cordas, os metais e outras texturas sonoras organicamente faustosas e, partindo dessa gama de simetrias multicoloridas, aventura-se em incursões prudentes por registos variegados, sob uma matriz comum de composição. E aí reside o mérito maior: a música de E tece uma graciosa e unida teia de sentimentos melancólicos, ataviados com mestria em canções honestas e urdidas com elegância.
O detalhe de Blinking Lights and Other Revelations sublima a constatação inegável de que Everett é um dos melhores compositores da música americana no tempo corrente. Será redundante dizer que o disco é intimista e sombrio, são-no também os restantes títulos dos Eels, mas tais atributos ganham outras medidas nesta edição. Blinking Lights and Other Revelations é uma colecção indispensável de canções que, concebido com o fito de ser obra magna, apenas não goza esse privilégio por perder alguma coesão ao longo de trinta e três faixas(!). Fossem escolhidas as melhores dos dois discos que compõe Blinking Lights and Other Revelations e reunidas num só tomo e estaríamos perante o mais que provável disco do ano. Ainda assim, há aqui trechos excelsos, verdadeiras lições de vida que nos fazem apartar do tempo e do espaço e partir numa excursão introspectiva e ambivalente, de ironia e sinceridade, pelas porções indecifráveis do eu que E nos subtrai engenhosamente e devolve, depois, na forma de música.
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