Há momentos televisivos que fazem mais, do ponto de vista retratual do português de gema, do que estudos sociológicos apurados em décadas nas cátedras da ciência. O instante que o vídeo abaixo captura foi retirado do último capítulo d' "Os Contemporâneos" e reporta um diálogo casual de esplanada. Em dois minutos e meio de conversa sobre o aumento da criminalidade, duas caricaturas bem lusas: Nuno Markl é o plácido leitor de jornal, a alegoria da complacência, dos "brandos costumes" e da indignação apática e silenciosa; Eduardo Madeira é o cidadão revoltado contra a "rebaldaria" no país, o idealista e defensor acérrimo "do Irão" e das virtudes justiceiras de uma realidade que conhece apenas através de "um primo" e que defende energicamente. Numa penada, fica feita a fotografia da incongruência do espírito crítico do português comum e da argumentação inculta e desabrida que normalmente é o seu altor e que, afinal, tem tanto de impetuosa como de leviana.
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