Julian Hamilton e Kim Moyes tornaram-se, nos últimos três anos, um dos vértices mais imponentes da música australiana no mundo. O debute discográfico enquanto The Presets - com o aclamado Beams (2005) - atirou-os para a ribalta do orbe da electrónica pop, abrindo portas para alguns dos festivais mais importantes do género, ao mesmo tempo que desvendava uma identidade musical substancialmente distante das abordagens generalistas dessa estética. A par do indispensável culto das praxes techno geneticamente ligadas ao anos oitenta - afinal, a confessada luminária dos Presets - Hamilton e Moye subscreviam, aí, um certo desinvestimento nos coloridos da melodia, em favor de afinidades com tensões, sombras e alguma negrura emocional. Nesse particular, Apocalypso reinventa os conceitos algo rústicos do antecessor, repisando os propósitos de uma electrónica marginal e que excita mais pela provocação cáustica do que propriamente pela brandura melódica. Ao mesmo tempo, debaixo das tensões que coordenam a relação da música com o espaço, há uma escrita afinada e capaz de emprestar elasticidade ao estilo do disco, bem ao jeito dos produtos mais "negros" dos Depeche Mode. O resto, o que os distingue do mero seguidismo de referências, é a apurada mistura de zumbidos e concentrados electrónicos para fazer mosh, os devaneios industriais, os climas ambivalentes entre a letargia gótica e o cataclismo dançante, os sintetizadores e maquinaria saturados, a atitude de resvalo rock e o hedonismo elegantíssimo. Corrosivo, mas viciante.
sábado, 5 de julho de 2008
The Presets - Apocalypso
Julian Hamilton e Kim Moyes tornaram-se, nos últimos três anos, um dos vértices mais imponentes da música australiana no mundo. O debute discográfico enquanto The Presets - com o aclamado Beams (2005) - atirou-os para a ribalta do orbe da electrónica pop, abrindo portas para alguns dos festivais mais importantes do género, ao mesmo tempo que desvendava uma identidade musical substancialmente distante das abordagens generalistas dessa estética. A par do indispensável culto das praxes techno geneticamente ligadas ao anos oitenta - afinal, a confessada luminária dos Presets - Hamilton e Moye subscreviam, aí, um certo desinvestimento nos coloridos da melodia, em favor de afinidades com tensões, sombras e alguma negrura emocional. Nesse particular, Apocalypso reinventa os conceitos algo rústicos do antecessor, repisando os propósitos de uma electrónica marginal e que excita mais pela provocação cáustica do que propriamente pela brandura melódica. Ao mesmo tempo, debaixo das tensões que coordenam a relação da música com o espaço, há uma escrita afinada e capaz de emprestar elasticidade ao estilo do disco, bem ao jeito dos produtos mais "negros" dos Depeche Mode. O resto, o que os distingue do mero seguidismo de referências, é a apurada mistura de zumbidos e concentrados electrónicos para fazer mosh, os devaneios industriais, os climas ambivalentes entre a letargia gótica e o cataclismo dançante, os sintetizadores e maquinaria saturados, a atitude de resvalo rock e o hedonismo elegantíssimo. Corrosivo, mas viciante.
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