sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Opeth - Ghost Reveries

Apreciação final: 8/10
Edição: Roadrunner/Universal, Setembro 2005
Género: Metal Progressivo/Death Metal
Sítio Oficial: www.opeth.com








Quem julga os suecos Opeth como apenas mais um ensemble da lotada cena metal da Escandinávia está a passar ao lado de uma genuína odisseia de originalidade inventiva. É certo que a figura musical dos Opeth segue o regimento do black metal do Norte Europeu mas não se fecha em tal calibre, solicita também as construções melódicas do rock progressivo e ministra-lhes a elegância de estruturas melódicas quase sinfónicas e de espaços acústicos. Aliás, esse toque acústico ganhou outras proporções nas composições e promove, em contraste com as distorções penetrantes, um jogo nebuloso de fôlegos diferentes. E o arrojo dos Opeth não se esgota aí; eles permitem-se fantasiar fórmulas em vários rumos musicais, acertando na nobreza épica desses acrescentos e desenhando labirintos que abraçam o auditor, incitando-o a desfiar uma meada imprevisível de canções. Algumas das peças deste Ghost Reveries alongam-se além dos dez minutos, como é da praxe no bom estilo progressivo e nos próprios Opeth, rompendo quaisquer fronteiras de género ou preconceito. A música dos Opeth é assim mesmo, assina um pacto sublime entre a técnica e a emoção, não teme a exposição de sentimentos - mesmo que contrastantes - e envolve-os em estruturas que têm tanto de disciplina como de desatino. Essa ambivalência é um dom reservado a músicos de eleição e é traduzida, com realismo uniforme, nas pontes entre espaços eléctricos e acústicos, ou nas variações entre o registo cavernoso e o tom suave e polido da voz de Akerfeldt.

Ghost Reveries é uma obra magna e um disco de beleza trágica e esfíngica; se tem instantes em que se revela penetrante e hostil, como um guerreiro que arremete a tudo o que mexe, noutros momentos, é serenamente contemplativo, como que ensimesmado no segredo do seu próprio isolamento. Em qualquer dos casos, destaca-se a casta das composições, plenas de recursos e alegorias e inventoras de hipnoses góticas. Tal como guiar descontroladamente um carro numa via rápida, apetece dar rédea solta a Ghost Reveries. Porque com os Opeth, além de se descobrirem sensações raras e surpresas abruptas, há sempre uma saída de emergência nas descidas íngremes. O que é o mesmo que dizer que por detrás da negrura melancólica que preenche o espaço do álbum, há muitos enigmas e refúgios para descansar o ouvido da pujança das distorções.

1 comentário:

Anónimo disse...

"É certo que a figura musical dos Opeth segue o regimento do black metal do Norte Europeu"

O som praticado pelos Opeth não têm nada de Black Metal. É na verdade uma fusão de Death Metal à la Gotemburgo com elementos de rock progressivo.