Apreciação final: 7/10
Edição: Merge, Outubro 2005
Género: Pop Alternativo
Sítio Oficial: www.theclientele.co.uk
Edição: Merge, Outubro 2005
Género: Pop Alternativo
Sítio Oficial: www.theclientele.co.uk
Os The Clientele são britânicos, têm um som outonal e rendem homenagem aos ambientes melódicos da pop dos anos 60 e 70, numa toada introspectiva e delicada. A gentilidade orgânica das composições envolve o auditor em truques harmónicos, com percussões brandas e guitarras liderantes - filtradas por efeitos de tremolo e reverb - e a poesia cantada de Alasdair Maclean, num registo ressonante e que, em alguns intantes do disco, reacende na memória os resquícios do saudoso John Lennon. A essa deliciosa ilusão (não é uma colagem) não é indiferente a doutrina retro das composições, uma máxima sublinhada no abeiramento ao romantismo hippie dos Velvet Underground ou dos Byrds e aos ângulos pouco convencionais dos Television. Depois, há uma dimensão poética que se gruda ao tecido musical e lhe empresta fábulas de paixões mal resolvidas em busca de catarses metafísicas, com pitadas de surrealismo. No fundo, o propósito maior é a construção de uma ode de fantasias à cidade de Londres, por inerência à Inglaterra contemporânea, ao Homem e ao amor. Com a neblina das esquinas de Londres e folhas cadentes dos plátanos do Hyde Park como pano de fundo, o devaneio ultra-sonhador dos The Clientele é exequível. Desde que falem baixinho.
Strange Geometry é o segundo longa-duração do trio inglês e, nesta etapa, o som deles foi amplificado; mantém a harmonia de proporções do costume mas ganhou a ajuda da interferência esporádica de elementos de cordas. Contudo, essa contingência, ainda que beneficie o som do grupo, alerta as consciências mais desatentas para a cristalização da fórmula dos The Clientele, particularmente sentida no recalcamento dos conceitos basilares do disco. O desfile de canções transforma-se, assim subliminarmente, num cortejo iterativo, ao ponto de por vezes se confundirem as composições. Não obstante alguns lances inspirados, este disco vem provar uma coisa: a estranha geometria dos The Clientele é um recreio de malabarismos com linhas muito rectas e volumes pouco atrevidos.
2 comentários:
Muito boa a descrição/crítica sobre os The Clientele/Strange Geometry. Já tinha feito o mesmo no meu blogue. Parabéns :)
Abraço
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