sábado, 17 de junho de 2006

Sonic Youth - Rather Ripped

Apreciação final: 8/10
Edição: Geffen/Universal, Junho 2006
Género: Rock Alternativo/Experimental
Sítio Oficial: www.sonicyouth.com








Convencionais é coisa que os nova-iorquinos Sonic Youth nunca foram. Mais de duas décadas de um percurso pautado pela coerência e atracção pelas margens dos géneros musicais, fizeram deles um dos estandartes mais óbvios da cultura indie, mormente na afirmação de uma estética sem grande respeito pelas tradições rock' n' roll, assumidamente vanguardista e experimental e de formas livres. Houve mesmo quem os considerasse, no auge da fase mais inspirada (década de 80), o braço futurista dos míticos Velvet Underground. Ainda que eles nem sempre se tenham mantido fiéis a esse legado, as analogias são pacíficas, seja na inclinação cerebral da música, seja na complexidade catártica que depositam na estrutura das composições. Pois bem, depois de um par de insígnes edições em que o experimentalismo era a faculdade maior, a banda de Thurston Moore regressa com um registo de intensidade refreada. Sem o contributo que o seminal Jim O'Rourke deu à banda nesses últimos tomos, os Sonic Youth desobrigaram-se, neste disco, de alguns traços de personalidade: a desconstrução e a acidez não domesticável do grupo foram, aqui, trocados por canções que, mantendo o recorte emblemático dos nova-iorquinos (a voz infalível de Kim Gordon e as alternâncias repentistas das guitarras de Moore e Ranaldo) assinam um critério alternativo. Não é que eles tenham posto de parte as vertigens eléctricas ou as desarmonias intencionais de outros discos, mas aqui o foco é a canção e o processo de feitura de cada peça.

Urdida com a segurança de quem conhece de cor o ofício de fazer nascer uma peça musical a partir de uma melodia mínima, construindo sobre ela uma malha sólida de sons, a dúzia de canções de Rather Ripped é fatalmente sedutora. Nostálgicas ou não, as faixas do disco sucedem-se sem dúvidas rítmicas, sem pejo de simular os manuais pop e, acima disso, sem perder a fidelidade ao dialecto musical que os Sonic Youth fizeram linguagem-mor. Nesse sentido, Rather Ripped é um restauro das abstracções inteligentes do grupo, talvez menos cerebral do que outros exercícios, mas não menos fértil em boas sensações e pujança. E delicada honestidade. De tal jeito que, em pezinhos-de-lã e de uma assentada, a banda perscruta o romantismo do rock e da guitarra eléctrica, retoma o passo tradicional do quarteto primitivo e compõe um dos melhores discos da sua carreira.

1 comentário:

Anónimo disse...

Best regards from NY!
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