segunda-feira, 26 de junho de 2006

X-Wife - Side Effects

Apreciação final: 7/10
Edição: NorteSul, Abril 2006
Género: Pós-Punk/Electro-Rock
Sítio Oficial: www.x-wiferocks.com








Os portuenses X-Wife estão mais carnais. A reforma do som passou por trocar a caixa de ritmos por uma bateria, meter os sintetizadores debaixo do braço, reduzindo-lhes a interferência nas sessões de gravação e buscar um formato menos colado à estética mais crua do electro-rock. Se a moda das texturas sintéticas influenciou decisivamente o álbum de estreia, puxando a sonoridade do grupo para a onda de projectos internacionais emergentes como os Radio 4 ou os The Rapture, o segundo tomo do percurso dos X-Wife tenta demarcar-se desse rótulo. Mas essa separação não é conceptual. Ao invés disso, os portuenses evocam a mesma colectânea de ideias e abordam-na com maturidade e um fôlego de segurança não sentido no debute. Até a voz de João Vieira parece mais firme e sóbria, sem os malabarismos em falsete expostos no primeiro disco. O ganho é notório: a amplitude do som é mais autêntica, as composições recebem uma dimensão mais universal, bem próxima das traves-mestras underground que marcam o legado modernizado do movimento electro-punk.

O estatuto consolidado nos dois anos seguintes à edição de Feeding the Machine (2004) massajou o ego dos X-Wife e deu-lhes a confiança para purificarem as suas fórmulas e moldá-las, com eficiência, a um modelo de canção mais conciso e, por isso, melhor catalisador da abundância energética do grupo. Depois, sem abdicarem da veia electrónica que faz a sua virtude destrinçadora, João Vieira e seus pares contratam serviços adicionais da guitarra, como que apelando a um substrato mais rock sem hipotecar os símbolos dançáveis. A produção é requintada e arruma a identidade do grupo nas medidas certas, sublinhando o crescimento de um trio de músicos (a que se juntou o baterista André Hollanda, ex-Zen) mais cientes da sua identidade. E ela é, como atesta Side Effects, um trilho do melhor rock que se faz cá no burgo. Com menos electrónica e mais guitarra.

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