terça-feira, 7 de março de 2006

Clogs - Lantern

Apreciação final: 7/10
Edição: Brassland, Fevereiro 2006
Género: Experimental/Fusão/Ambiente
Sítio Oficial: www.clogsmusic.com








Uma guitarra barroca em notas flutuantes deixa pegadas de luto no ar. Os acordes (de Kapsburger, séc. XVII) são vestígios que nos apresentam, logo na primeira faixa, o labiríntico novo trabalho do quarteto Clogs. Eles dividem as suas origens entre a Austrália e os Estados Unidos e subscrevem construções sonoras quase totalmente instrumentais, com o som mágico do improviso e influências transversais a vários géneros musicais. Guitarra acústica, fagote, percussões e violino integram a ementa e conjugam-se num complexo jogo de originalidade e modernismo. O berço deste disco é outro, mas há nele qualquer coisa de sons atlânticos, na terna plangência das cordas, um choro paralelo ao fado e à saudade lusa, ao extravasamento pesaroso da música celta; no roteiro musical deste Lantern regista-se também uma fugaz passagem por África, pelas percussões tribais que, aqui e ali, interferem e calibram o rumo das composições. Lantern é também um álbum residente num enclave, uma zona neutra entre a música erudita e o rock alternativo na sua face mais ambiental, numa matriz de crescendos, um desenfreado puzzle de peças que se ajustam sem operador. Peças instantâneas, daquelas a que se adere no primeiro momento e que apetece largar ao vento do espírito, até que ele sacie a curiosidade e cesse de soprar.

Lantern é um disco de emoções em levitação, de sons recatados e suspensos. Não há electricidade, não há extremos, cada instante é polido a algodão. A música dos Clogs é pura na sua essência e, ainda que não escape a um ou outro cliché do pós-rock, mexe-se como uma fantasia, simultaneamente moderna e medieval, que vai além de modas e classes. Independentemente disso, é um álbum que desenha sinfonias tensas, justapondo trechos melancólicos que medeiam os cotejos entre as paisagens idílicas e as insinuações de cenários decadentes. Lantern é o jardim do Éden e a torre de Babel, ao mesmo tempo. Em todo o caso, apetece desligar a luz, fechar os olhos e aceitar o abraço das luzes hesitantes desta lanterna.

1 comentário:

RockPoet disse...

meus parabéns pelo blog,visto k és mais um k faz coisas concretas pela arte.Caso queiras dá uma vista de olhos no meu, que não é tao generalista, é mais acerca da minha banda, e mais concretamente..eu,seu vocalista.Somos os Rock Poets, e lá tens um link pa fazer download de uma musica nossa.Vê se te agrada, caso gostes de rock.Abraço e continuação de bom trabalho.
www.rockalhadas.blogspot.com