quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Rosie Thomas - If Songs Could Be Held

Apreciação final: 6/10
Edição: SubPop/Musicactiva, Novembro 2005
Género: Indie Pop-Rock/Folk-Pop/Cantautor
Sítio Oficial: www.rosiethomas.com








Rosie Thomas já não é segredo para ninguém. Voz delicada de rebuçadinho de menta em cima de alegações musicais introspectivas com vocação acústica, assim se diz a sua graça numa pauta. E assim se contam as histórias deste If Soungs Could Be Held, o terceiro longa-duração da cantautora americana. Não sendo uma obra imprevisível, este disco é, ainda assim, um depoimento franco de uma compositora que mira a sua reprodução no espelho e a verte abertamente em eufonias simples. E é precisamente dessa simplicidade cândida que derivam as causas mais profundas destas canções, ao jeito de confidências obscuras. O tom charmoso dos trabalhos anteriores é recapitulado aqui, até reforçado, à custa do alargamento da paleta de arranjos, num registo intimista e plácido que esquadrinha as inclinações do amor, os vazios da ausência, a mortalidade e a transcendência. Rosie Thomas move-se com segurança nestes terrenos, buscando todas as minudências de um retrato pessoal honesto, desta vez mais à custa de metáforas e ficções. Dito isto, porque é que o álbum parece incapaz de cintilar? Na senda de Joni Mitchell mas cada vez mais parecida com Sarah McLachlan ou Tori Amos, Thomas concebeu um disco de canções meio-termo entre a compaixão e o optimismo, baseadas em melodias acessíveis e que, em contraste com o passado da intérprete, surgem aqui despojadas do precioso garbo indie. Thomas a piscar o olho ao mainstream?

If Songs Could Be Held é um disco que suporta um manto de vulnerabilidade - o que não é necessariamente mau - e que, ainda que embrulhe algumas composições de forma distinta (até há um dueto com Ed Harcourt, numa cover dos Everly Brothers), não acrescenta substâncias novas ao património de Rosie Thomas. Afinal, If Songs Could Held parece ter sido forjado no ludibriante limbo entre a independência do universo indie e os apetecíveis dólares da pop mainstream. Fruto dessa imprecisão e algumas concessões, o último de Rosie Thomas nem é pop nem é indie e apenas causará impressão notável nos seguidores indefectíveis da cantora. Agradar simultaneamente a gregos e a troianos nunca foi obra fácil...

Sem comentários: